Você sabia que a Fundação Parque Zoológico de São Paulo (FPZSP) reúne projetos de pesquisa e manejo com animais em habitat natural? Esses trabalhos são aplicados no Núcleo de Atividades In situ (Nais), vinculado ao Departamento de Pesquisas Aplicadas da fundação.
Os estudos desenvolvidos têm foco na conservação das espécies por meio do levantamento de dados, diagnósticos e a busca por soluções que beneficiem fauna e flora. Trata-se do primeiro núcleo específico para conservação de fauna In situ do Brasil, que conta com a parceria de instituições e pesquisadores.
O coordenador do Nais, Caio Motta, médico-veterinário que integra a Comissão Técnica de Animais Selvagens do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), explica que antes da implementação do Núcleo, o Zoológico já tinha iniciado algumas ações In situ, porém, de forma pontual.
“Em 2015, surgiu o Nais, que é um núcleo interdisciplinar, cujas ações envolvem não só os pesquisadores, como também os profissionais do Zoológico”, explica Motta.
Ações no Cerrado
Motta considera o Nais uma grande conquista do País, uma vez que seus projetos permitem, por exemplo, que os pesquisadores entendam contextos nos quais as espécies estão inseridas, algo fundamental para identificar medidas que podem ser cruciais para a conservação da vida selvagem, contribuições no âmbito da preservação ambiental e até mesmo para saúde pública.
Prova disso foi um dos trabalhos do Programa de Conservação Mamíferos do Cerrado, que reúne pesquisadores da Universidade Federal de Goiás, Fundação Oswaldo Cruz, Universidade de São Paulo e George Mason University (EUA), em parceria com a FPZSP, na qual a Fundação contribui com recursos financeiros e equipamentos, além do suporte de sua equipe técnica em trabalhos de campo e o desenvolvimento de quatro linhas de pesquisa.
Salvando vidas em São Paulo
Outro exemplo que mostra resultados concretos é o que envolveu macacos bugios do Parque Estadual Fontes do Ipiranga, em São Paulo. Os pesquisadores identificaram uma grande incidência de morte por queda ou choque elétrico entre os macacos. Em um período de, aproximadamente, quatro anos, mais de 100 óbitos foram motivados por um desses acidentes.
Os pesquisadores identificaram, então, a necessidade de troca da fiação elétrica por cabeamentos mais seguros, além da instalação de passagens que funcionassem na prevenção de quedas desses animais. “Um ano após essas mudanças estratégicas, não houve mais registro de mortes por essas causas entre os bugios”, afirma o coordenador do Nais.
Atividades In situ
Motta ressalta que um dos principais resultados macros das atividades In situ é a melhor compreensão da relação homens, animais domésticos, fauna e flora, o que pode ser visto nos casos dos canídeos do cerrado e dos bugios do parque em São Paulo.
“São ações que mostram uma evolução do papel dos zoológicos, algo novo no Brasil e de suma importância para a conservação das espécies”, enfatiza Motta.