Perda de habitat e atropelamentos ameaçam o Tamanduá-Bandeira

Com o slogan “Levante essa bandeira”, campanha alerta sobre o risco de extinção da espécie
Texto: Comunicação CRMV-SP
Foto: Adobe Stock

Ele já desapareceu de quatro estados brasileiros. Nos últimos dez anos, estima-se que a redução de sua população no Brasil foi de aproximadamente 30%. Estamos falando do Tamanduá-Bandeira, eleito o animal do ano e protagonista da campanha “Levante essa Bandeira”, da Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil, cujo objetivo é alertar quanto às ameaças à fauna.

Os riscos à espécie estão relacionados à diminuição de habitat e ao aumento da incidência de atropelamentos em estradas e rodovias. O Tamanduá-Bandeira está na lista de animais vulneráveis à extinção da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN) e também do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

“Na ordem Xenarthra, que compreende três espécies de tamanduás, cinco de preguiças e 11 de tatus, ele é o segundo mais ameaçado”, comenta a bióloga Karina Theodoro Molina, coordenadora da campanha no Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás do Brasil (antes “Projeto Tamanduá”), entidade parceira da campanha.

Os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Espírito Santo já não possuem exemplares da espécie. De acordo com Karina, atualmente, São Paulo e o Paraná apresentam maior risco de desaparecimento do Tamanduá-Bandeira.

Campanha conta com a hashtag #anodotamandua e envolve ações de informação e sensibilização sobre o risco que a espécie corre

Perdendo território

“O declínio da população da espécie em diferentes regiões está atrelado à perda de território para atividades de Agricultura e Pecuária”, afirma o médico-veterinário Marcello Schiavo Nardi, presidente da Comissão Técnica de Médicos-Veterinários de Animais Selvagens do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).

Karina e Nardi lembram ainda que a proximidade com áreas urbanas e com seres humanos também se mostra um risco, principalmente, levando em conta que ainda é comum as pessoas alimentarem crendices de que o animal dá azar e que, ao encontrar com um deles pelo caminho, é preciso tirar a vida do animal. Algo bem semelhante ao que ainda vemos em relação aos gatos de pelagem preta.

Colisão nas estradas

Um agravante destacado por Nardi e que tem sido observado mais recentemente é o alto número de animais atropelados em estradas e rodovias brasileiras. Perdemos mais de 470 milhões de animais selvagens por ano em acidentes com automóveis no Brasil. Os Tamanduás-Bandeiras com frequência estão entre as espécies vitimadas.

Esse contexto alarmante foi o fator impulsionador para o início do projeto Bandeiras e Rodovias, que investiga a taxa de mortalidade do animal e os fatores de interferência no Mato Grosso do Sul. “Já sabemos que a espécie é a terceira maior vítima de atropelamentos nas estradas do estado”, afirma a médica-veterinária Débora Regina Yogui, que integra a equipe do projeto.

Números alarmantes

Desde que os monitoramentos tiveram início, em fevereiro de 2017, foi registrada a morte de 401 tamanduás-bandeiras por colisão com veículos. “Esse número se mostra ainda mais alarmante se levarmos em conta que nem sempre conseguimos notificar as mortes e que nosso trabalho abrange apenas 15% das rodovias pavimentadas do Mato Grosso do Sul”, enfatiza Débora.

Para monitorar, a equipe mapeia diversas áreas e coloca colares com GPS em indivíduos da espécie encontrados nessas regiões para acompanhar seus hábitos e trajetos. As medidas vão além da necessidade de preservar a fauna brasileira. Uma vez que a colisão com um Tamanduá-Bandeira, que chega a pesar 35 quilos, é de alto impacto, a prevenção também salva vidas humanas.

Queremos descobrir o máximo de informações possível que possam colaborar para ações de prevenção a acidentes

(Débora Regina Yogui)

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