Melhoramento genético ajuda suínos

O rebanho suíno brasileiro mudou muito nas últimas décadas. Resultado do melhoramento genético, cruzamento entre as raças rústicas nacionais e estrangeiras, além de manejo e nutrição mais adequada. Os porcos de hoje são híbridos que oferecem um desempenho superior em relação aos antecessores criados nos anos 1960. Na busca por mais carne e menos gordura, os produtores trouxeram novas raças para o Brasil, como a large white, landrace, duroc, berkshire, hampshire e wessex. As raças célticas, asiáticas e americanas modificaram a formação das brasileiras, antes dominadas por animais portugueses trazidos pelos colonizadores.

A diversidade das raças gerou um novo patamar de desenvolvimento na suinocultura nacional. Uma nova assistência técnica, um controle sanitário adequado e o desenvolvimento da indústria frigorífica e de alimentos garantiram ao País uma proteína animal mais eficiente e contribuíram para o aprimoramento do grupo das raças brasileiras.

Segundo o pesquisador do Instituto de Zootecnia (IZ), órgão ligado à Secretaria e Agricultura e Abastecimento, Fábio Enrique Lemos Budiño, os suínos das granjas tecnificadas engordam mais rapidamente, as matrizes apresentam o dobro de produtividade por ninhada e o abate é feito na metade do tempo. Diferentemente do que ocorria há algumas décadas, compara o pesquisador, o tempo de engorda caiu para cinco meses, período em que os animais atingem entre 90 e 100 quilos com uma alimentação à base de ração, milho e soja.

Os avanços na nutrição animal foram fundamentais para a diminuição do tempo de abate e para o aumento na qualidade da carne. “Hoje os suínos são mais magros e chegam a 90 quilos com apenas um centímetro de gordura, dependendo da ração e manejo adotados na granja”, compara Budiño.

Outro avanço fundamental para a oferta do produto é o aumento do número de leitões por gestação, que passou da média de seis filhotes para 12 a 13 animais. O peso ideal de cada filhote é 1,4 quilo, com índice de mortalidade de apenas 2% durante a fase da lactação, que ocorre nos primeiros 21 dias do animal. Após esse período, o leitão é alimentado com ração farelada enriquecida.

Desenvolver alternativas que substituam o milho e a soja na alimentação dos suínos, de acordo com o pesquisador do IZ, é o principal desafio dos criadores. O uso do feno de alfafa é defendido em duas dissertações de mestrado sobre Produção Animal Sustentável, no curso de pós-graduação oferecido pelo IZ. Budiño diz que a maior parte do custo de produção está na ração do animal, produto com preço ditado principalmente pelo milho, que compõe 70% da ração, além da soja. Alguns pequenos produtores começaram a utilizar o resíduo gerado na própria lavoura como parte da alimentação.

Os novos insumos representam 10% da ração dada aos suínos. Uma das formas mais criativas de substituir os cereais é a utilização de resíduos das seções de hortifruti de supermercados e de indústrias alimentícias de lácteos e farináceos. O pesquisador do IZ ressalta que co-produtos industriais e resíduos de frutas e hortaliças não podem ser confundidos com lavagem, por não se tratar do lixo descartado por refeitórios e restaurantes.

Alimento tem 75% menos gordura

A carne suína que chega ao prato dos brasileiros contém 75% menos gordura que as carnes consumidas há 60 anos, e 27% menos de gordura saturada em relação a uma bisteca consumida nos anos 1980, por exemplo. Muitos cortes se tornaram tão magros quanto a carne de frango. É o caso do lombo, classificado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture — USDA) como extramagra por apresentar menos de cinco gramas de gordura, dois gramas de gordura saturada e 95 gramas de colesterol.

Além de magra, a carne de suína pode trazer benefícios à saúde, pois é rica em proteínas, vitaminas e minerais como ferro, potássio, cálcio e fósforo, além de vitaminas do complexo B. Ela deve estar presente em qualquer dieta balanceada.

“A genética contribui para essas mudanças por meio da utilização de ferramentas de seleção e de estratégias de cruzamento entre raças”, explica o geneticista da Topigs, empresa de melhoramento genético de rebanho porcino, André Costa.

Para selecionar os melhores animais, os programas de melhoramento genético utilizam informações que vão desde o desempenho zootécnico antes do abate, como ganho de peso e conversão alimentar, até dados sobre a qualidade de carcaça e de carne.

Os programas incluem em suas estratégias de seleção o rendimento de carne magra, o pH e a cor, que são indicativos da qualidade. Já a perda de água durante o processamento é o indicativo do rendimento durante o preparo. Outra ferramenta bastante utilizada para melhorar a qualidade de carne é a genética molecular, a partir da identificação de genes que possam afetar as características de qualidade de carne do animal.

Associado à genética, outro fator importante é o manejo, tanto de criação quanto de abate. A intensificação da produção na suinocultura tem acarretado o aumento da profissionalização da atividade. São melhorias que, unidas à adoção de rígidos padrões de condução e transporte da granja ao abatedouro, contribuem para a preservação de características da carne como maciez e suculência.

Fonte: Suinocultura Industrial (acessado em 30/08/10)

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