Tecnologia desenvolvida pela Embrapa permite o aproveitamento integral da carne de rã

O possível aproveitamento integral da carne de rã promete estimular a criação no País. A novidade, uma iniciativa da Embrapa Agroindústria de Alimentos, consiste no aproveitamento da carne da região do dorso da rã, normalmente descartada pelos criadores.

A pesquisa, incluindo os testes sensoriais, de qualidade e de validade, levou três anos e resultou em três produtos preparados à base da carne de dorso, um patê, um tipo de salsicha e uma conserva de carne desfiada. “Antes, a carne do dorso não tinha valor comercial”, diz a pesquisadora Ângela Aparecida Lemos Furtado, responsável pelo trabalho.

Segundo o pesquisador da Embrapa André Yves Cribb, a região do dorso da rã tem muito osso e cartilagem, dificultando a retirada da carne. “Por ser trabalhoso, os criadores aproveitam só a coxa, considerada a parte nobre da rã.” Para facilitar o processo de separar a carne do osso e da cartilagem, a pesquisa testou uma despolpadora, equipamento já usado em pescado. “Essa despolpadora, que custa por volta da R$ 30 mil, já existe no mercado”, diz Cribb. O estudo da viabilidade econômica da tecnologia, já que o criador tem de instalar uma agroindústria para processar a carne, está sendo concluído, informa Cribb.

Animado, o ranicultor Luiz Carlos Dias Faria, do Ranário Toca do Lobo, em São José dos Campos (SP), diz que a pesquisa pode ajudar a popularizar o consumo de carne de rã. “Com o quilo a R$ 40, não dá para aumentar o consumo. Por isso, é importante essa iniciativa de fazer hambúrguer, patê, salsicha, linguiça e nuggets, que ajuda a agregar valor à produção”, diz o ex-piscicultor, responsável por reerguer a atividade no Brasil com o desenvolvimento da tecnologia de criação de rãs em piscinas de lona.

Faria, em parceria com o curso de gastronomia da Universidade do Vale do Paraíba (Univap), está testando receitas preparadas à base de carne de rã. Ele fornece toda a matéria-prima. “O nugget tem muito potencial e pode compor a merenda escolar de creches de São José dos Campos, já que a carne de rã é magra e nutritiva”, diz o coordenador do curso, Warner Rodrigo Aurichio. “Vamos continuar as pesquisas e avaliar o interesse do mercado.”

O sistema criado por Faria, mais vantajoso em comparação à criação em tanques de alvenaria, foi lançado em 2007 e já é usado por cerca de 50 ranicultores de todo o País. Alguns trocaram o sistema de criação em tanques de alvenaria pelas piscinas de lona. Um kit para a engorda de 250 quilos de rã custa R$ 1.200.

Para ter escala comercial, são necessários pelo menos quatro kits, que podem ser usados em sistema de rodízio. Faria produziu, em setembro, 75 mil imagos (rãzinha com cauda) e vende para outros ranicultores fazerem a engorda. O ranário possui 300 metros quadrados e cem piscinas.

“Além de ser muito mais higiênica, a piscina de lona evita que a rã se machuque ao se alimentar, já que a ração flutua. No tanque de alvenaria, ao tentar abocanhar a ração no fundo do tanque, muitas rãs se machucam”, diz o ranicultor José Olímpio Moreira, que está na atividade há mais de 35 anos e hoje é funcionário no Ranário Toca do Lobo. “No sistema convencional, o tratador também tem de entrar no tanque, o que aumenta o risco de contaminações e mortes das rãs.”

Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Organismos Aquáticos (Abracoa), Manuel Braz, a criação em piscinas de lona é o futuro. “O custo da criação em alvenaria é muito alto. A criação em piscinas é viável para pequenos produtores e isso pode ajudar o País a aumentar a escala de produção. É importante, porém, que a instalação do ranário seja feita em região apropriada, de clima quente”, diz Braz, que preside a Câmara Setorial de Aquicultura e Pesca do Estado. “Estamos também discutindo na câmara a ampliação do abate artesanal, para incentivar criadores.”

Fonte: O Estado de São Paulo (acessado em 29/09/10)

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