Entidade e Ellie LLC querem aperfeiçoar e comercializar kit Elisa para detecção de tuberculose bovina
A Embrapa e a empresa norte-americana Ellie LLC assinaram um contrato que visa o aperfeiçoamento tecnológico e a exploração comercial do kit Elisa – sigla em inglês para ensaio de imunoadsorção enzimática – para detecção da tuberculose bovina. As duas instituições trabalham juntas, cada uma dentro de sua expertise, desde 2015, na padronização do teste Elisa para disponibilização no mercado.
A empresa de pesquisa brasileira detém a tecnologia de um teste sorológico Elisa baseado em um antígeno quimérico para imunodiagnóstico da tuberculose causada por Mycobacterium bovis, obtido após tentativas iniciadas em 2009, como relata o imunologista da Embrapa Gado de Corte Flábio Ribeiro de Araújo. A Ellie, por sua vez, possui capacidade técnica e infraestrutura adequadas para absorver o conhecimento gerado pelos pesquisadores brasileiros e comercializar os testes, além de produzi-los.
O contrato está elaborado em duas etapas. A primeira relacionada aos processos de aperfeiçoamento, testes industriais e a campo; e a segunda, à produção, propriamente dita, e comercialização do produto, dentro de um plano de negócios.
“Os resultados preliminares da avaliação do teste mostraram-se bastante promissores para o diagnóstico sorológico da tuberculose bovina”, afirma Araújo. O kit em desenvolvimento fornece informações adicionais aos métodos tradicionais de detecção da doença e, segundo o médico-veterinário, em estágios avançados da doença a ferramenta complementará o teste intradérmico, autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
A tuberculose é uma enfermidade de evolução crônica causada pela bactéria M. bovis e acomete bovinos, caprinos, ovinos, suínos, animais silvestres e também humanos, o que a caracteriza como uma zoonose. Um dos maiores problemas no meio rural é a permanência de animais infectados no rebanho transmitindo a doença aos sadios. O novo kit fornecerá informações adicionais, aumentando a cobertura do diagnóstico.
Outras linhas de pesquisa – O médico-veterinário Flábio Araújo trabalha ao lado de outros pesquisadores brasileiros e do Reino Unido na identificação de características do genoma de M. bovis em isolados do Rio Grande do Sul e de Mato Grosso do Sul, que possibilitem verificar se há semelhanças entre as mesmas em regiões próximas e as possibilidades de correlações ao trânsito de animais. Eles também estudam a participação de animais silvestres na transmissão da tuberculose bovina.
Nesse trabalho, o atual coordenador do portfólio de sanidade animal da Embrapa tem o reforço da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), Universidade de Glasgow (Escócia), Fepagro, Seapi e Iagro. O projeto já dispõe de um banco de amostras cujos genomas estão em sequenciamento. A expectativa é dar apoio ao Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal do Ministério.
Parte da equipe ainda analisou genomas de M. bovis do Brasil, Argentina e Estados Unidos, e comparou os dados com isolados de diferentes partes do mundo, buscando estabelecer relações filogenéticas entre isolados em escala global. Nessa iniciativa há a parceria da USP, UFMS, Mapa, Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Argentina), Instituto Biológico de São Paulo, Agricultural Research Service (ARS/Usda/EUA) e Biocomplexity Institute of Virginia Tech (Estados Unidos).
Fonte:Embrapa