Câncer de próstata em cães e gatos traz novos avanços em prevenção, diagnóstico e tratamento na Medicina Veterinária

Embora raro, o câncer de próstata em animais de companhia exige atenção dos tutores e acompanhamento veterinário constante
Texto: Comunicação CRMV-SP / Foto: Freepik

No contexto do Novembro Azul, mês dedicado à conscientização sobre a saúde masculina, também ganha relevância o cuidado com os animais de companhia. O câncer de próstata em cães e gatos é considerado uma condição incomum, mas vem ganhando destaque na prática clínica veterinária, tanto pela importância do diagnóstico precoce quanto pelos avanços nos estudos em oncologia comparada. Em cães, especialmente machos idosos, o acompanhamento regular, com exames de imagem e avaliações clínicas periódicas, tem se mostrado fundamental para identificar alterações prostáticas ainda em estágios iniciais.

De acordo com a médica-veterinária Sibele Konno, presidente da Comissão de Animais de Companhia, a prevenção começa com a atenção dos responsáveis e o acompanhamento de rotina. “Os fatores de risco mais comuns são idade avançada, obesidade, predisposição genética e, em alguns casos, o status reprodutivo. A realização de check-ups periódicos, com ultrassonografia abdominal a partir dos cinco anos de idade, é essencial para detectar alterações precoces”, destaca.

Sibele reforça que pequenas mudanças no comportamento urinário ou intestinal podem servir como sinais de alerta. “É importante que os responsáveis observem o padrão de micção e defecação de seus animais. Alterações sutis, como dificuldade para urinar ou fezes em formato diferente, podem indicar o início de uma doença prostática”, alerta.

A médica-veterinária oncologista Renata Afonso Sobral acrescenta que a investigação detalhada é indispensável diante de sintomas urinários ou gastrointestinais persistentes.

“O toque retal ainda é uma ferramenta clínica válida, mas hoje os exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética, são indispensáveis para avaliar o tamanho, a simetria e a vascularização da próstata, além de identificar possíveis metástases”, afirma.

Nos cães, a hiperplasia prostática benigna (HPB) é a alteração mais comum, especialmente em machos não castrados e idosos. Já as neoplasias malignas, embora raras, costumam apresentar comportamento mais agressivo e de difícil controle. Em gatos, tanto as afecções prostáticas quanto os tumores são extremamente raros, mas não devem ser descartados em casos suspeitos.

Novas abordagens clínicas

O tratamento do câncer de próstata em animais de companhia vem se beneficiando diretamente dos avanços da oncologia comparada, campo que estuda as semelhanças biológicas entre tumores em humanos e em outras espécies.

Segundo a médica-veterinária Renata Afonso Sobral, o manejo clínico costuma envolver uma combinação de diferentes abordagens.

“Os melhores resultados são alcançados com protocolos integrados que incluem cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Além disso, anti-inflamatórios inibidores de COX-2 são frequentemente utilizados por seus efeitos antitumorais e imunomoduladores”, explica.

Nos casos com metástases ósseas, o uso de bifosfonados tem mostrado eficácia no controle da dor e na prevenção de fraturas patológicas. A especialista também ressalta que o estudo das mutações genéticas, como a do gene BRAF, tem ampliado o entendimento sobre o desenvolvimento de carcinomas prostáticos em cães, possibilitando estratégias terapêuticas mais direcionadas.

Caminhos para o futuro

A médica-veterinária Sibele Konno destaca que a oncologia comparada tem contribuído significativamente para o avanço de ambas as áreas, humana e veterinária.

“Os adenocarcinomas prostáticos em humanos, cães e gatos compartilham características semelhantes, inclusive quanto ao padrão de metástase. Essa correspondência permite o desenvolvimento de novos métodos diagnósticos e terapias com benefício mútuo entre Medicina Veterinária e Medicina Humana”, afirma.

Ambas as especialistas reforçam que o diagnóstico precoce é o principal aliado na luta contra o câncer de próstata. “Quanto antes o tumor é identificado, maiores são as chances de controle e de uma vida com mais qualidade para o animal”, conclui Sobral.

Com o avanço da tecnologia diagnóstica e o fortalecimento da oncologia comparada, o futuro do tratamento das neoplasias prostáticas em animais de companhia é promissor. O acompanhamento preventivo e o olhar atento dos tutores continuam sendo as ferramentas mais poderosas para garantir que o câncer seja detectado e tratado a tempo, reforçando o elo entre ciência, cuidado e qualidade de vida.

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