Chegada do inverno exige atenção redobrada com a saúde dos pets

Mudanças de temperatura demandam cuidados especiais de guarda responsável e respeito às necessidades de cada espécie
Texto: Comunicação CRMV-SP/ Foto: Pixabay

Faça chuva ou sol, frio ou calor, não importa o período do ano, quem assumiu o compromisso de conviver com um animal de estimação precisa estar atento às necessidades e adaptações necessárias para uma guarda responsável. Com a chegada do inverno nesta terça-feira (21/06), a atenção dos tutores para manter a saúde dos pets deve ser redobrada. As mudanças de temperatura demandam cuidados especiais para cada espécie.

No frio, assim como ocorre com humanos, o corpo dos animais gasta mais energia para ser aquecido, reduzindo a capacidade de defesa do organismo. Situação que pode ser agravada por uma série de fatores como ambientes fechados ou expostos demais ao vento e chuva, a falta de higiene e descuido com a ingestão de alimentos e hidratação.

Apesar de não ser tão rigoroso como em outros países, o inverno brasileiro se caracteriza por oscilações consideráveis de temperatura, fato que exige observação constante do tutor e sensibilidade para fazer as adaptações necessárias. É o que sugere a médica-veterinária Rosângela Gebara, integrante da Comissão de Bem-estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).

Com especialização em Bem-estar Animal, Bioética e Mestre em Ciências de Animais, Rosângela ressalta que, quando levamos em consideração a senciência dos animais, ou seja, a capacidade de ter sentimentos como a dor, fica mais evidente a relevância dos cuidados que, segundo ela, são essenciais para prevenção de “gripes, resfriados, doenças respiratórias além das dores relacionadas aos problemas osteoarticulares”.

Queda brusca de temperatura, vento e chuva, enfatiza Rosângela, “exige reforço na proteção de todos os animais”, no entanto, “os tutores precisam ficar mais atentos aos filhotes e idosos por serem mais sensíveis” e susceptíveis ao sofrimento causado pelo frio e às doenças típicas dessa época do ano.

Presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP, Márcio Mota reitera que as diferenças entre os animais são fatores determinantes para definição dos cuidados no inverno, lembrando que não há formulas únicas. “Cada animal tolera baixas temperaturas de forma diferente. A capacidade de suportar o frio depende de fatores como raça, tamanho, gordura corporal, pele, saúde, condição médica, e se é um animal de ambiente interno ou externo”, pondera.

Doenças respiratórias

Mota destaca que em razão do ar frio que causa constrição nas vias aéreas, algumas raças são mais propensas às doenças respiratórias. “Quando você olha para a anatomia, os pugs, bulldogs e outras raças braquicefálicas já têm um alto risco de problemas que podem ser agravados no frio caso sejam expostos por muito tempo ou fiquem muito ativos.”

Uma abordagem segura seria evitar hiperatividade externa, pondera o presidente da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais do CRMV-SP. “É interessante manter o animal dentro de casa com uma temperatura confortável, sem estar muito quente, e com uma umidade controlada para não causar impacto térmico no contato com ambientes mais frios.”

Para Mota, que também é presidente da Associação Nacional de Médicos-veterinários, “as raças de clima frio, como huskies, malamutes e newfoundlands geralmente se saem muito bem em temperaturas mais baixas, no entanto, algumas raças como doberman, boxer ou galgos sofrem mais”.

Limites e humanização

Mota lembra, ainda, que “cães pequenos, como poodle, maltês, yorkshire, dachshund e outros, costumam sofrer com dores articulares e de coluna. Outros, como pinscher, whippet e fox paulistinha geralmente sentem frio e o uso de roupinhas pode ser muito adequado para evitar os efeitos das temperaturas baixas”.

Quanto o nível de cuidado, Rosângela enfatiza que o bom senso será sempre o melhor recurso para quem tem dúvidas quanto às escolhas feitas pelo tutor. “Colocar uma roupinha confortável para aquecer animais que não possuem um pelame compatível para protegê-los de baixas temperaturas e evitar que os animais fiquem ao relento, não é humanizar. Devemos sempre protegê-los do frio, vento, chuva.”

Para a profissional, os tutores devem respeitar a fisiologia e o comportamento natural da espécie sob sua responsabilidade, evitando ao máximo a antropomorfização (atribuir valores humanos aos animais) e trabalhando para garantir níveis elevados de bem-estar.

Os médicos-veterinários cumprem um papel importante em educar os tutores sobre as reais necessidades de cada espécie. Um cão não precisa de perfume, pelo pintado ou determinados acessórios sem função alguma para seu bem-estar, mas, por exemplo, um cão sem pelo ou sub-pelo, pode sentir muito frio ao passear na rua quando a temperatura estiver abaixo de 15 °C e, neste caso, será benéfico ele usar uma roupinha quentinha e confortável

Rosângela Gebara, Comissão Técnica de Bem-estar Animal do CRMV-SP

Orientação nutricional

Os cuidados com alimentação neste período também devem ser reforçados. Alimentos balanceados e uma boa hidratação são determinantes para manter a saúde dos animais. “Se não houver contraindicação, pode-se orientar aumentar a quantidade de ração ou de alimento entre 10 e 20%, dependendo do cão ou gato”, ressalta Rosângela.

“Adicionar em sua alimentação rações úmidas (sachês ou patês), além de deixá-los mais satisfeitos e agradar muito o paladar, pode auxiliar na hidratação, já que neste período, em alguns casos, há diminuição no consumo de líquidos. Sendo assim, é indispensável manter também a água limpa e fresca em abundância à disposição do pet”, sugere o presidente da Comissão de Clínicos do CRMV-SP como medidas para suprir a necessidade energética do animal e aumentar a sensação de saciedade.

Márcio Mota complementa lembrando que “é importante manter a quantidade de alimento ideal ao pet de acordo com sua idade, porte e peso, evitando que eles desenvolvam sobrepeso ou obesidade, para isso é sempre bom consultar o médico-veterinário”.

Medicamentos e vacinas

Rosângela lembra que cães e gatos com doenças ósseas ou articulares, como artrite e artrose, podem sentir mais dor em baixas temperaturas e necessitar de ajustes nas doses de medicamentos para estas condições.

Nos casos de doenças crônicas específicas, como diabetes, cardiopatias, insuficiência renal ou alterações hormonais, a médica-veterinária ressalta que pode haver mais dificuldade para os animais regularem a temperatura corporal, ficando mais suscetíveis ao frio extremo.

Como medida de prevenção, os gatos devem estar com a vacina tríplice e os cães com a vacina V8 em dia. “Se for um cão filhote, idoso ou que more com muitos outros cães, é indicado procurar vacinas específicas para gripe canina, que protegem contra o Adenovírus Canino Tipo 2, o vírus da Parainfluenza Canina e a Bordetella bronchiseptica”, afirma a médica-veterinária.  

Estética e atividade física

Hábito comum entre os tutores, a regularidade dos banhos e a tosa dos animais também deve ser ajustada no inverno. Márcio Mota reforça a importância de seguir a orientação profissional para que sejam respeitadas as necessidades de cada raça.

“Nas épocas mais frias, os intervalos dos banhos podem ser mais espaçados. É importante atenção especial à temperatura da água e ao horário, dando preferência aos períodos mais quentes do dia. A secagem do animal precisa ocorrer imediatamente após o banho com ajuste da temperatura e distância do secador para não queimar a pele do animal, além da atenção com as orelhas para evitar inflamações como as otites. Outra sugestão é optar apenas pelas tosas higiênicas”, orienta o médico-veterinário.  

Quando o assunto é a importância de uma rotina ativa, Mota enfatiza que “os passeios e atividades físicas são sempre muito indicados pelos médicos-veterinários, independente da estação do ano. No entanto, em dias mais frios, é aconselhável optar pelos horários mais quentes do dia”. Caso não seja possível, alerta, “deixe o animal em um local da casa onde possa tomar banhos de sol e desenvolva brincadeiras mantendo sempre o enriquecimento ambiental para estimular os movimentos”.

Animais Idosos: atenção especial

Com especialização em Ortopedia, o médico-veterinário Márcio Mota destaca a situação delicada que envolve animais idosos indicando, além de acompanhamento frequente de um profissional, iniciativas de proteção e cuidados específicos para manter a qualidade de vida.

 “Pela idade avançada, a musculatura diminui e as camadas de gordura são eliminadas pelo organismo, de modo que o animal torna-se muito mais suscetível ao frio e ao vento gelado. Este fato, aliado à baixa imunidade e envelhecimento do organismo, representa um risco à saúde dos animais idosos, levando a doenças como a traqueobronquite canina e a rinotraqueite felina, além da osteoartrose e problemas articulares”, ressalta.  

Assim como nos humanos, explica o médico-veterinário, existe um desgaste natural das articulações em animais com idade avançada. Mota reforça, portanto, a necessidade de atividades físicas moderadas diárias, evitando-se o sedentarismo e, ao mesmo tempo, respeitando-se os limites do animal. “No frio, as dores e incômodos nessas regiões tendem a aumentar afetando a intensidade dos movimentos que devem ser leves e contínuos para que haja a produção do líquido sinovial, responsável pela proteção das cartilagens articulares.”

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