Apesar dos desafios, Dia do Agronegócio é celebrado com boas perspectivas

Responsáveis pela segurança sanitária e pelos processos de produção dos produtos de origem animal, médicos-veterinários e zootecnistas têm atuação fundamental no setor
Texto: Comunicação CRMV-SP Foto: AdobeStock

Mesmo diante de desafios importantes como a regulamentação do autocontrole e o alerta sanitário para a Influenza Sanitária, a celebração do Dia do Agronegócio, 25 de fevereiro, ocorre neste ano num cenário bastante positivo para o setor, já que as vendas externas no último mês bateram o recorde de toda a série histórica para os meses de janeiro.  

De acordo com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), é o primeiro ano em que o valor das exportações do setor ultrapassa os US$ 10 bilhões para os meses de janeiro. E, entre os produtos exportados que mais se destacaram nesse período, estão as carnes bovina, suína e de frango, ao lado do milho e do açúcar.

O presidente da Comissão do Agronegócio e secretário-geral do Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CRMV-SP), Fernando Gomes Buchala, ressalta que o grande desenvolvimento observado nos diferentes segmentos das cadeias produtivas do setor, ao longo dos últimos anos, ocorreu em função do desenvolvimento e aplicação de práticas e tecnologias adequadas às diferentes condições de produção.

“Para tanto, a participação de profissionais altamente qualificados, ligados às áreas das Ciências Agrárias, especialmente de médicos-veterinários e zootecnistas, foi fundamental”, afirma.

Segurança alimentar

Médicos-veterinários e zootecnistas são os responsáveis pela instituição das técnicas que asseguram a saúde, o bem-estar e a produtividade dos animais, respeitando o meio ambiente. Atuam, com vistas a garantir produtos saudáveis e nutritivos, e que disponham das características sensoriais condizentes com as expectativas dos consumidores. “Nós exercemos, com isso, o papel garantidor dos processos de produção”, explica Buchala.

A Comissão do Agronegócio do CRMV-SP, segundo ele, tem como meta o aperfeiçoamento constante deste papel. Formada por profissionais altamente qualificados e que representam os diferentes setores produtivos, promove discussões voltadas à identificação das principais demandas e desafios impostos aos profissionais para o desenvolvimento de cada uma das cadeias produtivas.

“Tendo em vista que os processos de produção estão em constante transformação, com os mercados potencializados e a sociedade demandando alimentos de qualidade em maior quantidade, buscamos enxergar os desafios e aproveitar as oportunidades”, salienta Buchala.

Estabilidade social

O presidente da Comissão Técnica de Zootecnia e Ensino do CRMV-SP, Celso Carrer, salienta que o Brasil tem hoje um dos sistemas agroalimentares mais competitivos do planeta e capaz de entregar proteína animal com biosseguridade aos mercados interno e externo.

Segundo ele, para que se pudesse alcançar essa condição de sustentabilidade alimentar, foi necessário avançar em aspectos vinculados à qualidade da produção e ao controle e rastreabilidade de alimentos ao longo das etapas de transformação e distribuição. “É neste sentido que os zootecnistas atuam e interagem, para que o agronegócio brasileiro seja um dos mais competentes e respeitados do mundo”, observa.

Carrer explica que, como os zootecnistas têm uma formação generalista, ao trabalharem direta ou indiretamente no setor de produção animal, acabam atuando em todos os elos da cadeia de negócios do agro. “Somos responsáveis por áreas estratégicas na geração de alimentos e biomassas, que historicamente compõem um dos principais pilares do agronegócio brasileiro”, afirma.

Para ele, médicos-veterinários e zootecnistas são essenciais para a estabilidade social. “A oferta de alimentos com qualidade e viabilidade econômica é fator fundamental nesse sentido. Sem alimentos e biomassas, para a utilização na área de energias renováveis, não há futuro”, conclui.

Garantia legal

As Leis 5.517/1968 e 5.550/1968, que dispõem sobre o exercício das profissões de médico-veterinário e zootecnista, atribuem a esses profissionais todos os procedimentos voltados à garantia das condições sanitárias dos produtos de origem animal e à promoção de medidas de fomento à produção, respectivamente.

A coordenadora-técnica médica-veterinária do CRMV-SP, Anne Pierre Helzel, avalia que, por isso, ambas as leis são garantidoras da segurança para o agronegócio brasileiro. “O médico-veterinário, por exemplo, é o único profissional habilitado a atestar as condições sanitárias e de saúde adequadas para o desenvolvimento da pecuária, avicultura, suinocultura, e as demais atividades de produção animal, em todas as fases da cadeia de produção. Sem sua atuação, e a do zootecnista, que promove as melhorias genéticas dos animais, por exemplo, não haveria interesse dos outros países nos produtos brasileiros”, acrescenta.

Referência internacional

Anne considera que as leis podem ser interpretadas, também, como resultado da evolução natural do papel histórico exercido por esses profissionais. “O decreto 23.133, de 1933, primeiro a regulamentar o exercício da Medicina Veterinária no Brasil, já incluía a Defesa Animal como uma das responsabilidades da profissão”, exemplifica.

Ela cita alguns momentos históricos marcantes na evolução da política de segurança sanitária mundial. Um deles foi o que levou ao surgimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em 1924.

Alguns anos antes, um carregamento de bovinos da Índia, que estava sendo importado pelo Brasil, havia introduzido a peste bovina na Europa ao passar pela Bélgica, o que levou a um grave surto.

“A preocupação com a prevenção de novas ocorrências culminou na orquestração de vários países em torno da criação da entidade intergovernamental, que tornou-se referência, inclusive classificando os países quanto ao risco na comercialização de animais vivos e derivados”, destaca.

Credibilidade

Já, no Brasil, o Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), que exerce funções de controle e fiscalização de âmbito federal de produtos agropecuários em portos, aeroportos, postos de fronteira e aduanas especiais em todo o território nacional, teve origem após um surto de peste suína africana, ocorrido em 1978. Os animais haviam se infectado pela ingestão de restos de comida de aviões procedentes de Portugal e da Espanha, países nos quais a doença existia.

“Embora o sistema tenha sido criado oficialmente em 1998, vários procedimentos já tinham sido adotados na sequência do surto”, comenta a coordenadora. “Hoje, os restos alimentares são incinerados e a doença foi erradicada do território brasileiro”, informa.

Anne avalia que o agronegócio brasileiro depende, portanto, em grande medida, da atuação do médico-veterinário, que garante a credibilidade dos produtos animais. E ressalta: “O zootecnicta, por sua vez, é o profissional capacitado para impulsionar esse mercado”.

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