Coordenadora da USP afirma que acreditação dos cursos do CFMV é um marco para qualidade do ensino superior no País

“Para a Universidade, conseguir esse selo foi a confirmação de que estamos no caminho certo. Oferece ao nosso aluno credibilidade”, afirmou
Texto: Comunicação CFMV (adaptado pela Comunicação CRMV-SP)
Foto: Adobe Stock

O processo de acreditação dos cursos de graduação do Conselho sinaliza seriedade para a comunidade externa, demonstrando que o órgão regulador está preocupado com a qualidade do profissional que chega ao mercado de trabalho. É o que afirma a coordenadora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade São Paulo (FMVZ-USP), Mayra Assumpção, em entrevista ao Conselho Federal de Medicina Veterinária.

O principal objetivo do projeto de Acreditação do CFMV é estimular o sistema de autoavaliação para que as instituições enxerguem potenciais de melhorias. “Aprendi tanto e percebi nos alunos um sentimento de pertencimento e de fazerem parte da construção de um processo”, enfatiza Mayra.

Instituições de Ensino Superior (IES) interessadas em participar do segundo ciclo de Acreditação do Conselho podem se preparar. O edital será lançado em 30 de julho, no Fórum das Comissões Nacional e Regionais de Educação da Medicina Veterinária, em Brasília.

Referência

A candidatura dos cursos é voluntária e não substitui o reconhecimento já realizado pelo Ministério da Educação (MEC). O processo de candidatura e avaliação é sigiloso. O selo serve como referência para gestores educacionais, docentes, a sociedade em geral e, sobretudo, para estudantes que buscam cursos com qualidade comprovada.

No primeiro processo de Acreditação do CFMV, promovido em 2017, 12 cursos se candidataram.Três cursos de Medicina Veterinária receberam selo de Acreditação com Excelência: Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Botucatu; Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de Lavras (Ufla).

 

Objetivo é aferir a qualidade dos cursos e tornar transparente a excelência do ensino superior para a sociedade e as instituições

Confira a íntegra da entrevista da coordenadora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, da Universidade São Paulo (FMVZ-USP), Mayra Assumpção:

1- Como coordenadora universitária e médica-veterinária, como enxerga a importância do processo de acreditação do CFMV e o que representa para universidade conquistar um selo de excelência?

Mayra Assumpção: Vejo uma importância enorme no processo de Acreditação. Internamente serviu para que a Instituição olhasse para dentro dela, foi um processo de autoconhecimento fundamental. No dia a dia, muitas vezes, não temos conhecimento de tudo o que acontece na Unidade, e se preparar para o processo nos permitiu isso e foi enriquecedor.

Para o País, o processo de acreditação é um marco. É a sinalização para a comunidade externa que o CFMV está preocupado com a quantidade exorbitante de escolas de veterinária que o Brasil possui e que esse órgão regulador está preocupado com a qualidade de nosso profissional. Sinaliza seriedade. Para a Universidade, conseguir esse selo foi a confirmação de que estamos no caminho certo. Oferece ao nosso aluno credibilidade.

2- Como o selo de acreditação do CFMV pode contribuir para a melhoria da qualidade do ensino nas universidades?

MA: A comissão de acreditação, durante os dias que ficaram na Faculdade, nos avaliaram e emitiram relatório, que serve de norte para novas políticas. Apontaram as nossas deficiências e nos orientaram. Ter essa avaliação externa é de suma importância, pois auxilia diretor, comissão de graduação e coordenadoria de curso a embasar mudanças e melhorias.

3- E os reflexos no mercado de trabalho, é possível fazer essa relação de melhoria também?

MA: A médio e longo prazo, os alunos provenientes de escolas acreditadas poderão ser favorecidos em entrevistas de emprego, servindo de decisão, em casos de dúvida e empates. O empregador terá um selo pelo qual poderá embasar a decisão de contratar ou não um profissional.

Também vejo, a médio e longo prazos, uma relação mais estreita entre instituições internacionais e universidades brasileiras que tenham este selo de Acreditação. Hoje já passamos por situações assim, ao tentar estabelecer convênio com instituições internacionais, elas exigem selo de acreditação.

4- Quais foram os indicadores que permitiram à USP conquistar o selo de acreditação?

MA: A FMVZ-USP é uma escola centenária. Por conta disso, a comissão avaliadora apontou como potencialidades:

– corpo docente altamente especializado, comprometido, produtivo e com dedicação integral à docência e à pesquisa;

– corpo técnico eficiente e eficaz, revelando perfis profissionais multifacetados/interdisciplinaridade

– boa interação entre estudantes de graduação, residência e pós-graduação;

– ações universitárias voltadas à comunidade local e regional;

– casuística diversificada e em grande número no Hospital Veterinário;

– o programa de iniciação científica e, sobretudo, as atividades de extensão universitária;

– esforços no caminho para o estabelecimento da dupla diplomação com instituições de língua latina;

– fazenda escola em Pirassununga muito bem estruturada e com sistemas de criação consolidados e disponíveis para utilização dos estudantes do curso de Medicina Veterinária;

– a existência da Comissão de Direitos Humanos;

– biblioteca com acervo diversificado;

– hospital veterinário com equipamentos disponíveis muito bons, atualizados e largamente suficientes para a consecução das atividades pedagógicas de graduação e pós-graduação;

– laboratórios didáticos especializados muito bem equipados, com área física apropriada.

5- O principal objetivo do projeto de acreditação do CFMV é estimular o sistema de autoavaliação para que as instituições promovam uma reflexão interna e avaliem os potenciais de melhorias. Como foi esse processo de reflexão e quais os frutos dessa análise? É possível citar melhorias identificadas e já implementadas?

MA: Para mim essa foi a parte mais importante do processo. Após um mês de trabalho árduo e exaustivo, preparando o relatório, o sentimento da Comissão era de júbilo. Aprendi tanto, tive conhecimento de coisas que nem imaginava existir dentro da faculdade. Senti nos alunos, também um sentimento de pertencimento e de fazerem parte da construção de um processo.

Os frutos dessa análise surgiram em diferentes níveis. Pessoal, mudanças de atitude, de conhecimento com o que estava ocorrendo ao redor. Mudanças de política administrativa, por exemplo, uma das nossas fragilidades era não ter institucionalizado o Grupo de Apoio Pedagógico (GAP), hoje já temos esse grupo instituído e já realizando reuniões e discussões.

Sendo que uma das primeiras discussões, solicitadas pela Comissão de Graduação foi referente ao processo de avaliação, outra fragilidade apontada pela Comissão Avaliadora.

6- Quais são os diferenciais do curso de Medicina Veterinária da USP?

MA: Por se tratar de um curso concorrido para a melhor Universidade da América Latina, a excelência do aluno é algo indiscutível. Com relação ao ensino, a qualidade do corpo docente, a integração deste com a pesquisa e o emprego dessa na graduação faz com que o aprendizado seja diferenciado.

Outro grande diferencial que temos são aulas práticas com uso de animais e ter um Hospital Veterinário com a maior casuística da América Latina. O aprender fazendo faz toda a diferença.

7- A USP tem se preocupado em investir na área de gestão para que os futuros médicos-veterinários tenham condições de gerir seus negócios? Como isso ocorre?

MA: Sim, é uma preocupação da Faculdade. Há uma disciplina de Gerenciamento e havia uma disciplina optativa de empreendedorismo. É algo que precisamos aperfeiçoar. Estão em processo de construção disciplinas optativas de Gestão aplicada para médicos veterinários (15h), Gestão do Agronegócio (15h) e Gestão do mercado pet (15h). A ideia é já entrarem no currículo em 2019/2020.

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