CRMV-SP realiza júri simulado inédito de processo ético-profissional

Conselho recriou julgamento de caso relacionado à castração animal em Semana Acadêmica da USP; a experiência contou com a participação de médicos-veterinários e de advogados
Texto: Comunicação CRMV-SP/ Foto: Arquivo pessoal/ Rosemary Bosch

Em mais uma oportunidade de aproximação junto às instituições de ensino e de promover ações educativas que exercitem a reflexão de alunos e futuros profissionais acerca da ética profissional, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) realizou júri simulado inédito de um processo ético-profissional durante a XXXIII Semana Acadêmica da Veterinária (Sacavet), promovida pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP).

A convite da organização do evento, a tesoureira do CRMV-SP, Rosemary Viola Bosch, foi uma das orientadoras do Curso Teórico de Medicina Veterinária Legal, um dos 18 oferecidos durante a Sacavet. Além do simulado, foram abordados temas como atuação do médico-veterinário como perito judicial, atuação do médico-veterinário na assistência técnica (perícia particular), perícia forense, a violência silenciosa dos maus-tratos, comunicação como prevenção de processos judiciais e éticos, e as implicações de ser responsável técnico de um estabelecimento.

A tesoureira do CRMV-SP conta que há muito tempo tinha vontade de fazer uma simulação de uma plenária de julgamento junto aos alunos, “para mostrar que o Conselho Regional está próximo a eles, explicar a forma como as plenárias são realizadas, e que todo mundo tem direito à ampla defesa e ao contraditório”.

Segundo a perita veterinária e assistente técnica, Roberta Tognareli Ruiz, que foi coorientadora do Curso Teórico, o evento evidenciou um tema pouco abordado na grade curricular das universidades. “A gente vê que as pessoas têm curiosidade e querem estudar sobre o assunto. E dessa vez a gente falou sobre processos éticos de uma forma mais detalhada, fazendo um júri simulado. Grande parte das pessoas não têm noção do que é, então foi muito esclarecedor”, afirma.

Para a professora da disciplina de Ética e Deontologia da FMVZ-USP, Silvia Cortopassi, o júri simulado foi uma experiência ímpar para estudantes e médicos-veterinários poderem entender melhor o funcionamento de um processo ético. “Tanto o preparo quanto a realização foram importantes para que os alunos tomassem a dimensão da responsabilidade que é fazer a análise gravidade da falha que o médico-veterinário eventualmente tenha cometido, assim como do posicionamento de quem denuncia. Acredito que esse formato deve ser replicado durante aulas de graduação”, analisa.

Aprendizado

A médica-veterinária e advogada Patricia Cristina Kuriki ajudou na organização e planejamento do júri simulado, e considerou que a experiência inédita despertou o interesse de profissionais e estudantes. “Os alunos têm muita curiosidade, até pelo fato de os julgamentos serem secretos. Mesmo tendo atuado no Direito, eu nunca tinha participado desse tipo de simulação. Então estavam todos interessados.”

O evento destacou a importância de conhecer o Código de Ética do Médico-Veterinário para atuar na profissão. A médica-veterinária Karina de Francesco Motta ressaltou que este ponto foi essencial para o resultado do julgamento. “Foi analisado o caso de uma cadela que havia sido castrada, mas que teve cio. E um dos problemas, ao final, foi não haver prontuário com os procedimentos realizados”, relata.

Estudante do 2⁰ ano de Medicina Veterinária da FMVZ-USP que participou do júri simulado e da comissão organizadora da Sacavet, Isabella Martin Lourenço afirma que o curso possibilitou seu primeiro contato com a área. “Nunca havia sequer imaginado como seria um júri na realidade e participar da simulação como ‘advogada’ da denunciante foi uma experiência inédita e excelente que me permitiu conhecer um pouco da rotina da profissão. Ainda tivemos a presença de duas advogadas de verdade e do CRMV-SP, o que enriqueceu ainda mais a cena e trouxe veracidade à simulação”, declara.

Simulação

O simulado contou com personagens que representaram o denunciado, o denunciante e conselheiros. A advogada especializada em direito médico-veterinário, Renata Arruda, também atuou no júri representando a defesa do acusado. A profissional considera que a experiência foi muito compatível com a realidade.

“Tivemos a oportunidade prévia de conhecer um pouco do que seria discutido na sessão de julgamento e qual seria o caso para que, com base nas informações, fizéssemos a sustentação oral. Foi uma experiência muito enriquecedora, principalmente por esse material prévio que foi encaminhado para se conhecer a rotina e o trâmite de uma sessão de processo ético”, considera Renata.

As simulações de julgamento de processos éticos podem ser valiosas ferramentas no preparo para enfrentar situações desafiadoras da prática profissional. Confira os principais pontos de contribuição:

Treinamento: Simulações oferecem uma oportunidade para estudantes e profissionais praticarem suas habilidades de julgamento ético em um ambiente controlado e sem riscos reais.

Aprimoramento da tomada de decisão: Participar de uma simulação de plenária de julgamento de processos éticos permite que os participantes pratiquem a avaliação de informações, análise de evidências e tomada de decisões éticas sob pressão. Isso pode auxiliar no desenvolvimento de habilidades para lidar com situações complexas e ambíguas na vida real.

Fomento do debate e da reflexão: As simulações envolvem discussões antes e após o julgamento simulado, permitindo que os participantes compartilhem diferentes perspectivas, debatam questões éticas e reflitam sobre suas próprias decisões e as de seus colegas. Isso promove uma compreensão mais profunda das complexidades envolvidas e fortalecem o pensamento crítico.

Consciência das normas éticas: Ao participar de uma simulação de julgamento ético, os estudantes e profissionais têm a oportunidade de se familiarizar com as normas éticas relevantes em sua área de atuação e entender como aplicá-las em situações práticas.

Preparação para situações reais: As simulações podem ajudar os profissionais a se prepararem para situações reais de julgamento ético, aumentando sua confiança e competência ao lidar com essas questões quando surgirem em suas práticas profissionais.

Novidade em breve

Após finalizar levantamento estatístico das principais ocorrências de denúncias éticas, e dos processos efetivamente instaurados, o CRMV-SP também deve disponibilizar em breve mais um recurso aos estudantes e profissionais, um manual com exemplos de casos éticos reais.

O manual deverá reunir os casos mais recorrentes, que serão apresentados anonimamente, e informações sobre como os processos tramitaram. “O manual auxiliará estudantes e profissionais na compreensão da importância da ética para a atuação. Será uma importante ferramenta para os docentes da graduação em Medicina Veterinária, em especial os da disciplina de ética. Além de orientar e minimizar falhas futuras, tanto o simulado quanto o manual são oportunidades para que se conheça o trabalho do Conselho”, afirma o presidente do Regional, Odemilson Donizete Mossero.

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