Em 25 de julho celebra-se o Dia da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha. A comemoração surgiu em 1992 com a realização do Primeiro Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas em Santo Domingo, na República Dominicana. A data foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) no mesmo ano.
Tal celebração é de suma importância no Brasil, já que a população negra no País é de 56,2%, conforme dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, divulgada em 2019. A data surge com a finalidade de promover e fortalecer ações políticas voltadas à eliminação do racismo e do sexismo, a promoção da igualdade de gênero e da liderança feminina.
Em ambiente profissional e acadêmico, a representatividade da mulher negra na Medicina Veterinária tem crescido e fortalecido outras mulheres. “Ainda não somos a maioria, como deveria ser, já que a população brasileira é composta, em maior parte, por pessoas negras. Mas estamos avançando, o que mostra que a mulher negra pode alcançar posições de destaque e liderança dentro das diversas áreas de atuação”, diz a médica-veterinária Nathália Vidotto Coelho, colaboradora do setor de Fiscalização e Multas do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).
Formada há dez anos e integrante do Coletivo de Médicos-veterinários e Estudantes Negros, Afrovet, Débora Nogueira Paulino também percebe o aumento gradativo da mulher negra nos bancos acadêmicos e em posições de destaque. “Elas estão nas clínicas de pequenos e grandes animais, nas áreas de pesquisa, reprodução, e também na academia. Essa crescente está intimamente relacionada à maior acessibilidade da pessoa negra ao ensino superior”, diz a médica-veterinária.
Para Odemilson Donizete Mossero, presidente do Conselho, o Dia da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha, assim como da Consciência Negra, celebrada em novembro, traz para a sociedade a oportunidade de uma reflexão direta sobre a valorização e manutenção da mulher negra na Medicina Veterinária e na Zootecnia.
“O exercício desta data é ter o olhar para tudo o que desenvolvemos e que ainda podemos fazer para aumentar a presença da mulher negra nos espaços de decisão, e incentivar o debate sobre equidade de gênero e raça dentro das nossas profissões. Temos exemplos de inúmeras mulheres negras que têm desenvolvido trabalhos fundamentais e transformadores para a Medicina Veterinária e a Zootecnia”, afirma Mossero.
Negras e líderes
A frase “Lugar de Mulher é onde ela quiser” pode até ser clichê, mas é uma verdade irrefutável nos dias atuais. A médica-veterinária Débora Nogueira Paulino, que possui um canal no Youtube sobre felinos, orgulha-se de suas colegas de profissão que hoje atuam como líderes de grandes corporações e autônomas de suas próprias empresas. “A ascensão dessas mulheres deixa marcas e inspira as próximas gerações”, ressalta.
Para Nathália Vidotto Coelho, é preciso fortalecer a estrutura financeira e a base familiar das jovens negras para que elas consigam ingressar na educação superior e finalizar os estudos. “Ela precisa ter subsídios para estudar, sem precisar trabalhar demasiadamente ou pular etapas, com foco e estruturas para se manter firme ao sonho de se tornar médica-veterinária”, finaliza.