Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra que moradores em situações como a de Brumadinho (MG) correm maior risco de contrair doenças infecciosas. Enchente, terremoto, rompimento de barragem. Nos desastres naturais ou nos provocados pela ação humana é grande o risco de tanta devastação prejudicar a saúde de quem passou pelo trauma.
O aumento nos casos de acidente vascular cerebral, também conhecido como derrame, foi notado meses após as enchentes em Santa Catarina, em 2008, e depois do acidente nuclear de Fukushima, no Japão. Os casos de dengue e febre amarela aumentaram após o rompimento da barragem em Mariana (MG), há três anos.
Os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, estudaram os impactos do desastre em Mariana. Eles afirmam que, agora, novamente, a biodiversidade será alterada com a degradação dos rios e as mortes de várias espécies na região de Brumadinho, onde já ocorria a transmissão da febre amarela.
“É muito importante que a população dessa região seja vacinada contra febre amarela para evitar surtos”, afirma Diogo Xavier, pesquisador da Fiocruz.
Infraestrutura
A falta de rede de esgoto deixa grande parte da população de Brumadinho e de outras cidades ainda mais vulnerável às doenças como esquistossomose e leptospirose. Com o tempo, a mistura de lama e rejeitos de mineração seca e vira poeira capaz de levar substâncias tóxicas que provocam doenças respiratórias e de pele.
A experiência em Mariana mostrou que a população teve mais dificuldade para controlar problemas crônicos como hipertensão e diabetes. Anos depois do desastre, continuaram aumentando casos de ansiedade e depressão. Por isso, a Fiocruz está criando um plano com as autoridades de saúde, cujas ações, na região de Brumadinho, devem durar até 2021, e os custos, na opinião dos pesquisadores, devem ser bancados pela mineradora.
Problemas futuros
Um dos maiores perigos, a contaminação da água do Rio Paraopeba. “Sabemos que já foi identificado mercúrio, cádmio e chumbo. Do ponto de vista da contaminação, em médio e longo prazos, eles podem provocar doenças neurológicas. Temos que ter monitoramento de anos para poder acompanhar os impactos na saúde da população”, afirma o pesquisador Carlos Machado.
A Vale declarou que o atendimento médico para a comunidade segue o planejamento desenvolvido pela Secretaria de Saúde de Brumadinho, que forneceu mais de 17 mil itens de farmácia para as pessoas atingidas e que pode dar apoio à vacinação, caso isso seja solicitado.