A relação entre seres humanos e animais de estimação se tornou mais próxima e afetuosa. O mercado pet e a Medicina Veterinária se expandem ano a ano. Esse cenário contribui fortemente para o aumento da expectativa de vida de cães e gatos.
Por outro lado, algumas doenças se tornaram mais frequentes nos animais devido à idade avançada. É o caso do câncer, que demanda recursos tecnológicos e científicos já em uso nos países desenvolvidos, e exige atualização profissional constante dos médicos-veterinários.
“Estima-se que um em cada quatro cães ou gatos morrerá de câncer ou por problemas de saúde relacionados à doença”, afirma Dr. Rodrigo Ubukata, médico-veterinário oncologista e presidente do Grupo de Trabalho em Quimioterapia Veterinária do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP)
Ubukata ministrou a palestra “Inovações na Oncologia Veterinária” durante a 2ª Semana do Médico-Veterinário, nas cidades de Marília e Presidente Prudente. O evento foi realizado pelo CRMV-SP, em parceria com a NurnbergMesse Brasil, responsável pela Pet South America.
Tecnologias têm bons resultados
É possível obter resultados positivos e atender às necessidades de tratamentos oncológicos em cães e gatos com o que a Medicina Veterinária no Brasil dispõe atualmente. “Utilizamos diversos exames de imagem, como tomografia computadorizada, ressonância magnética e ultrassonografia com Doppler”, comenta a Dra. Juliana Vieira Cirillo.
A médica-veterinária, do setor de Oncologia da Provet-SP, do Hemovet e do Hospital Veterinário Animaniac’s, integrante da Associação Brasileira de Oncologia Veterinária (Abrovet), ministrou a mesma palestra que Ubukata na 2ª Semana do Médico-Veterinário, porém nas cidades de Taubaté e Araçatuba.
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(Rodrigo Ubukata)
Falta de investimentos
Em contrapartida, a Medicina Veterinária brasileira enfrenta entraves para o desenvolvimento de pesquisas e para a importação de medicamentos e equipamentos de ponta aprovados e utilizados em outros lugares do mundo. Em países desenvolvidos, os recursos são praticamente os mesmos observados na Oncologia Humana.
Prova disso é o fato de ainda não haver equipamento para realizar cintilografia em animais no País, exame de imagem que já integra práticas de atendimentos médico-veterinários nos Estados Unidos. “Quando atuei no exterior tive a chance de trabalhar utilizando essa alternativa para diagnóstico e é algo que sinto falta aqui no Brasil”, comenta Ubukata.
Burocracia
Ubukata menciona a existência de drogas desenvolvidas com recursos da nanotecnologia e cita medicações eficientes aprovadas e em uso há cerca de dez anos fora do País. Esses medicamentos, porém, não têm liberação para entrar em território nacional, o que representa um atraso importante.
No âmbito da pesquisa, o entrave é a falta de vontade política para investimentos nos estudos, o que inclui a dificuldade para aquisição de equipamentos de ponta para universidades e centros de pesquisa. “A burocracia brasileira pode custar a vida dos nossos pacientes.”