O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) vem a público prestar sua solidariedade e apoio a médica-veterinária Talita Fausto da Motta Santos, mais uma vítima de atos racistas. A autarquia repudia esse novo lamentável episódio de racismo contra médicos-veterinários.
Profissional especializada em animais silvestres e exóticos, Talita sofreu, na noite da última quinta-feira (18/03), ataques racistas enquanto ministrava palestra on-line promovida pelo Grupo de Estudos de Animais Selvagens (Geas) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu.
Segundo relato da profissional, a live foi invadida no momento em que apresentava e foram colocados sons e imagens de primatas, falas e fotos do presidente Jair Bolsonaro, além de mensagens racistas e misóginas de forma escrita.
“Achei até que meu computador estava com vírus. Situação chata e desagradável. Não podemos deixá-los impune, por mais que abale. Apesar de saber que vai acontecer, nunca estamos preparados. Fazem isso com a certeza da impunidade”, contou Talita, que só compreendeu completamente a situação quando o organizador precisou encerrar o evento.
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(Talita Santos)
Crimes devem ser punidos
“Além de racial, é um crime digital. Temos relatos de que esse tipo de situação tem ocorrido em grupos de estudos em todo o País, com ataques não apenas racistas, mas misóginos e homofóbicos também. Acreditamos que são grupos organizados com intuito de disseminar o ódio”, afirma o co-fundador da Afrovet – rede de médicos-veterinários e graduandos negros, Augusto Renan Rocha.
“É fundamental nos manifestarmos diante de situações inaceitáveis como essa. É uma ofensa à classe médica-veterinária e a todo o povo brasileiro e à sua riquíssima diversidade, seja de raça, de credo, ou cultura. Todos precisam ser respeitados. Esses criminosos devem ser identificados e punidos pela justiça”, afirma o presidente do CRMV-SP, Mário Eduardo Pulga.
Denúncias são fundamentais
Esse não foi o primeiro caso de racismo sofrido por um médico-veterinário negro relatado nos últimos meses. Em dezembro do ano passado, o CRMV-SP já havia repostado nota do CRMV-RJ devido a um caso de injúria racial que um profissional sofreu na clínica em que trabalha no Rio de Janeiro.
Para o co-fundador da Afrovet, a divulgação e denúncia de casos como os vivenciados pelos profissionais é fundamental para que não haja impunidade. ”Quando acontecer esse tipo de caso é muito importante obter provas para que os culpados não fiquem impunes. É preciso denunciar e fazer boletim de ocorrência para que haja investigação e essas pessoas possam responder judicialmente.”