Na luta contra a Covid-19, suinocultura no Brasil deve crescer e bater recordes

Mesmo em meio à pandemia de coronavírus, produção deve aumentar de 4 a 6,5% e exportação pode ser 33% maior em relação a 2019
Apex/CRMV-SP

Em 2020 o Brasil deverá exportar, pela primeira vez, 1 milhão de toneladas de carne suína, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Esse número reflete um aumento de 33% em relação ao ano passado, além da cadeia da carne suína ter uma produção prevista de 4,25 milhões de toneladas, um crescimento entre 4% a 6,5% se comparado com 2019.

Mesmo em meio à pandemia de Covid-19, a cadeia tem boas previsões para o Dia Nacional da Suinocultura, em 24 de julho. O Brasil é o quarto maior produtor da carne suína e também o quarto maior exportador do mundo, segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). Quase 40% das exportações brasileiras vão para a China, seguida de Hong Kong com 16%.

De acordo com médico-veterinário Odemilson Donizete Mossero, presidente da Comissão Técnica de Saúde Animal e vice-presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), a suinocultura, definitivamente, é um setor que tende a crescer, devido à alta tecnificação e aos controles rígidos com a sanidade e biossegurança.

Houve impacto inicial provocado pela pandemia, em razão de fatores como queda dos preços ao produtor e incertezas. “No entanto, diante desse cenário obscuro, medidas assertivas passaram a ser adotadas pelos órgãos governamentais, pelas entidades representativas e pelos produtores. O setor prima pela segurança sanitária dos plantéis”, avalia Mossero.

Riscos para a cadeia

A zootecnista Paola Moretti Rueda, da Comissão Técnica de Bem-Estar Animal do CRMV-SP, afirma que uma preocupação é a alta da incidência da Covid-19 no interior do Brasil, o que pode afetar os trabalhadores que lidam com os animais, seja na granja ou no frigorífico. Cidades do Sul do País, que concentram a produção nacional de suínos, já sofrem com as conseqüências da doença.

“Quando as pessoas adoecem nas granjas, animais podem ficar sem limpeza, alimentação e cuidados médico-veterinários. Já quando trabalhadores do frigorífico adoecem, o mesmo precisa ser fechado para conter a disseminação e os suínos ficam na granja, crescem demais e o abate é dificultado. Pode haver, ainda, o desabastecimento de ração e medicamentos”, destaca Paola.

Luta contra a Covid-19

Mossero ressalta que os ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), da Saúde (MS) e da Economia (ME), entre outras medidas, publicou a Portaria Conjunta nº 19/20. “Seguindo fielmente as regras, todo o segmento conseguirá se fortalecer na medida em que contribui para com a redução do risco de propagação do vírus em toda a cadeia produtiva.”

Segundo a ABPA, há um compromisso do setor em atuar pela saúde dos colaboradores, com implantação de estratégias desde o início da pandemia. As empresas do setor frigorífico têm seguido a legislação e também o protocolo setorial validado pelo Hospital Albert Einstein e que estabelece uma série de medidas protetivas, como:

– Proteção buconasal (máscara cirúrgica), faceshield e outros, além dos habituais uniformes, luvas, máscaras e outras camadas de proteção;

– Barreiras laterais, impedindo contato entre os colaboradores na linha de produção;

– Afastamento de todos os colaboradores identificados como grupo de risco;

– Intensificação das ações de vigilância ativa e o monitoramento da saúde;

– Adoção de medidas contra aglomerações em restaurantes, transportes e outras áreas;

– Reforço da rotina de higienização de todos os ambientes dentro e fora dos frigoríficos, várias vezes ao dia.

Instrução Normativa de bem-estar animal em suínos

Em julho, a ABCS e a Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos também protocolaram junto ao Mapa uma manifestação de apoio para a publicação da Instrução Normativa de suínos em nível de granja. A minuta da norma, já passou por consulta pública. “O Brasil carece de normativas específicas e isso auxiliaria a termos uma hegemonia na produção.”

Para Paola, o Brasil precisa preparar a produção para atender os mercados mais exigentes em termos de bem-estar. “As pandemias surgem pelo excesso do uso de recursos naturais e por baixa imunidade dos animais, o que, na maioria das vezes, está ligado ao estresse crônico de sistemas de produção que não colocam o animal como centro do processo produtivo.”

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