Precisamos falar sobre a Síndrome de Burnout, o tipo mais devastador de estresse

No Datasus, a Medicina Veterinária é a profissão com maior taxa média de suicídio por ocupação entre 1980 e 2007
Crédito: Pexels

Angústia, enxaqueca, insônia, ansiedade, irritabilidade, pessimismo e sensação de exaustão completa no trabalho. Esse conjunto de sintomas tem nome: Síndrome de Burnout. O termo em inglês indica esgotamento e está associado a um estado de estresse crônico misturado a depressão. Preocupação mundial, a síndrome está incluída na 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) como um fenômeno ocupacional.

Também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, refere-se especificamente a fenômenos relacionados ao excesso de trabalho e não é aplicada para descrever experiências em outras áreas da vida. Essa síndrome já havia sido incluída anteriormente na CID-10, na mesma categoria.

Embora estivesse anteriormente associada a profissionais que experimentam estresse elevado, como policiais e bombeiros, atualmente, esse esgotamento pode ser identificado em qualquer área de atuação. Quando a profissão envolve saúde e, consequentemente, a cobrança por salvar vidas, a situação pode piorar.

Burnout pode evoluir para o estado de depressão profunda, por isso, aos primeiros sintomas é essencial procurar apoio profissional. Estima-se que, no Brasil, 32% dos profissionais sofram de esgotamento no ambiente de trabalho

Por lidarem com a morte cinco vezes mais que os demais profissionais da saúde, devido à expectativa de vida de um animal, os médicos-veterinários são mais suscetíveis a doença. Estudo realizado na Inglaterra apontou que eles têm quatro vezes mais chances de tirarem a própria vida do que a população geral e o dobro de chances entre outros da área de saúde.

Dados do Sistema de Informação de Mortalidade do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), do período entre 1980 e 2007, mostram que a Medicina Veterinária foi a profissão com maior taxa média de suicídio por ocupação e risco ocupacional. Os números apontam risco 225% maior.

A prevalência de burnout na Medicina Veterinária é de 25% do total de profissionais no mundo, enquanto em médicos oncologistas esse percentual é de 7,8%. Ao identificar alteração no comportamento de colegas de trabalho, a melhor forma de ajudar é sugerir acompanhamento profissional
A arte traz a imagem de uma mulher segurando as pernas em clara manifestação de tristeza e exaustão. Ao lado, o texto traz alguns sinais de alerta para a Síndrome de Burnout: - Exaustão emocional: Sensação de extrema fadiga física, psíquica e emocional. A pessoa sente como se suas forças estivessem chegado ao limite, sem vitalidade e energia para seguir com as atividades diárias; - Despersonalização: Distanciamento emocional do trabalho de forma progressiva. O profissional age com indiferença e frieza com clientes e colegas. Muitas vezes, torna-se agressivo e impaciente; - Baixa realização profissional: Além de apresentar baixa autoestima, o profissional começa a se sentir desmotivado e infeliz com o trabalho e tem a sensação de fracasso em tudo o que faz.
Crédito: Pexels

Quadro agravado

Sintomas da fadiga por compaixão também merecem atenção, pois podem intensificar a síndrome de burnout em profissionais da Medicina Veterinária. A doença é resultado de um processo cumulativo e se desenvolve devido a mal-estar emocional prolongado pelo contínuo e intenso contato com os pacientes.

Enquanto o burnout pode ser resultado da insatisfação pessoal e com o ambiente de trabalho, a fadiga por compaixão refere-se à exaustão emocional, com reflexos psicossomáticos, como perda de memória, pensamentos negativos, sentimentos de medo, tristeza e raiva, cefaléias, hipertensão e dificuldades para dormir, entre outros.

Cuidar de quem cuida. Confira estratégias para evitar o estresse crônico:  Estabeleça limites: É preciso ser honesto consigo mesmo e aprender a não assumir mais tarefas do que realmente é possível fazer. Não trabalhe cansado e mantenha a calma e o foco; Cuidado com os dispositivos eletrônicos: Desligue-se das obrigações do trabalho e das redes sociais por algumas horas por dia e aproveite os momentos de lazer e descanso Tenha hábitos saudáveis: Pratique exercícios físicos com frequência; opte por uma dieta equilibrada; tenha boas relações sociais; priorize as noites de sono; escolha um hobby; faça um check-up anual, incluindo ida ao psicólogo. Encontre o equilíbrio: Família, sociedade, trabalho, estudos, nenhuma dessas áreas da vida é mais importante do que a outra; Aprenda com os erros e valorize os acertos Muitas vezes, a demanda de trabalho é grande e os erros podem acontecer, apenas não os supervalorize, seja parte ativa da solução. Lembre-se de que faz parte da rotina do médico-veterinário proporcionar a seus pacientes uma morte digna e não somente uma vida com qualidade, faça a diferença!

Relacionadas

Foto: Pexels
04.10.2023_CRMV_SP_cria_grupo_de_apoio_1_Freepik
05.09.20_Inteligência emocional requer práticas, assim como os conhecimentos técnicos
08.05.2020_Enfatizar_aspectos_positivos_isolamento_social_saúde_mental.jpeg

Mais Lidas

Notebook com a tela inicial da Solução Integrada de Gestão do CRMV-SP (SIG CRMV-SP)
Diagnóstico por imagem é uma das especialidades reconhecidas pelo CFMV
Crédito: Acervo CRMV-SP
Responsável técnico é a figura central que responde ética, legal e tecnicamente pelos atos profissionais da empresa
Crédito: Freepik
Em São Paulo, a primeira instituição destinada ao ensino da Veterinária teve origem no Instituto de Veterinária, nas dependências do Instituto Butantan, no ano de 1919 Crédito da foto: Acervo Histórico/FMVZ-USP

Contato

(11) 5908 4799

Sede CRMV-SP 

Endereço: Rua Apeninos, 1.088 – Paraíso – CEP: 04104-021
Cidade: São Paulo

Newsletter

Todos os direitos reservados ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo – CNPJ: 50.052.885/0001-40