Saiba como promover a acessibilidade nos estabelecimentos veterinários

Cerca de 18,6 milhões de pessoas no País têm algum tipo de deficiência e sofrem com problemas de acesso e infraestrutura
Texto: Comunicação CRMV-SP
Foto mostra pessoa em cadeira de rodas, subindo uma rampa que dá acesso a um estabelecimento.
Foto: AdobeStock

Cada vez mais se fala sobre acessibilidade e as leis sobre o tema não são tão novas. Ainda assim, no dia a dia, os desafios são enormes, inclusive em estabelecimentos médico-veterinários. Saiba como tornar seu empreendimento acessível a todos. 

A legislação considera pessoa com deficiência (PcD) aquela que tem impedimento de longo prazo, quer seja de natureza física, mental, intelectual ou sensorial e que, em contato com uma barreira, pode ocasionar limitação em sua plena participação social em igualdade de condições com as demais.

Cerca de 18,6 milhões de pessoas com 2 anos de idade ou mais – 8,9% desse grupo – no País estão nessa condição, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme última pesquisa realizada em 2022.

 “A acessibilidade vai além do cumprimento de normas e leis, refletindo diretamente na qualidade de vida da pessoa com deficiência. Estabelecimentos acessíveis garantem o direito de ir e vir para todos”, declara Claudia Carletto, secretária executiva de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Para o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Odemilson Donizete Mossero, os estabelecimentos veterinários também devem ser montados considerando a legislação vigente ou, caso não tenha sido pensado antes, promover as adaptações necessárias. “Além de garantir o acesso dos tutores com deficiência, o que pela pesquisa é um número expressivo da população, promover a acessibilidade é importante para que profissionais nessa condição também encontrem um mercado de trabalho preparado para recebê-los”, afirma Mossero.

Dia a dia

A médica-veterinária Simone Meloni Bruneri, de 43 anos, é cadeirante desde os seis anos e relata diversas dificuldades na vida diária, para trabalhar, para se divertir e para frequentar cursos e eventos.

Os desafios começam na dificuldade para pegar transporte público, que a faz optar por usar o carro. Desde criança, ela conta que quem levava o gato no médico-veterinário era a mãe, já que a clínica não dispunha de rampas. Quando fez o curso de Medicina Veterinária, tinha que subir até o terceiro andar e a faculdade não tinha elevador. “Tive que brigar para instalarem”, relata.

Atualmente, ela não vê muitos avanços, pois ainda tem problemas para trabalhar e até para frequentar os eventos da área. “Os estandes das últimas feiras do setor tinham mezanino sem rampas. Da mesma forma, grandes hospitais veterinários não são acessíveis tanto para quem trabalha quanto para quem frequenta”, comenta.

Legislação
Símbolo da acessibilidade proposto pela ONU

O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) foi instituído a fim de promover o exercício dos direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988.

De acordo com essa mesma lei e com a Lei nº 10.098/2000, a acessibilidade é a possibilidade e condição de alcance para utilização de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, com segurança e autonomia. A construção de vias e de edifícios públicos de uso coletivo deve ser realizada de forma que sejam acessíveis a tais pessoas.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da NBR 9050/2020, elenca as especificações que devem ser atendidas para promover a acessibilidade de espaços e ambientes, um direito de todos. Algumas delas são calçadas rebaixadas, rampas, informações e sinalizações visuais e táteis, presença de sanitários acessíveis, entre outros.

Ambiente
Foto: AdobeStock

Vale lembrar que as características do espaço transmitem impressões nos clientes que frequentam o local. Os empresários dos empreendimentos de atendimento ao público podem, então, beneficiarem-se muito ao construir seus estabelecimentos pensando na acessibilidade de todos os usuários.

 “A Neuroarquitetura e a Psicoarquitetura nos trazem informações sobre como o espaço pode criar uma boa ou uma má percepção nos usuários. E não precisamos da ajuda da ciência para perceber que ambientes que nos agradam, nos conquistam, e naqueles pelos quais sentimos alguma aversão, tendemos a não voltar mais”, declara Suelena Morais, arquiteta e psicóloga, com especialização em arquitetura hospitalar e em humanismo.

Ela menciona que é comum os clientes perguntarem, ao telefone, se a clínica tem escada. Se a resposta for positiva, podem desistir de agendar a consulta. “Também já é corriqueiro o cliente falar mal de um ambiente se caiu na escada, sendo que não havia uma opção acessível para subir ao outro nível, como uma rampa, um elevador ou uma plataforma de elevação”, relata.

“Então, podemos inferir que os clientes, com certeza, preferem estabelecimentos que tenham acessibilidade, porque ela traz um conforto perceptível a todos, uma sensação de estar sendo cuidado”, conclui.

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