Um estudo com a participação de 174 pesquisadores de diversas instituições concluiu que uma em cada cinco espécies de vertebrados está ameaçada de extinção no mundo. Pior: a taxa tem aumentado. No período de 1980 a 2008, em média, 52 espécies de mamíferos, aves e anfíbios entraram em categorias mais próximas da extinção a cada ano.
As principais causas para a perda de espécies são a expansão da agricultura, a exploração de madeira e a introdução de espécies invasoras que acabam competindo com as nativas. “A espinha dorsal da biodiversidade está sendo corroída. Um pequeno passo dentro da Lista Vermelha é um salto de gigante rumo à extinção”, diz um dos mais reconhecidos biólogos da atualidade da Universidade Harvard, Edward O. Wilson.
As espécies estudadas constam da chamada Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). As categorias da lista são menos preocupante, quase ameaçado, vulnerável, em perigo, criticamente em perigo, extinto na natureza e extinto (até em cativeiro).
Apesar de refletir a crise atual da biodiversidade, o documento, publicado na revista Science, serve para encorajar os esforços de conservação. De 25.780 espécies analisadas, 64 de mamíferos, aves e anfíbios tiveram melhora no status graças a ações realizadas por governos ou ONGs.
“Mostramos que os esforços não são em vão. As ações de conservação estão fazendo a diferença. O que é preciso agora é aumentar o investimento”, afirma uma das autoras do estudo, do Centro de Ecologia Funcional e Evolutiva, da França, Ana Rodrigues. Ela diz que a criação de unidades de conservação na Mata Atlântica permitiu evitar a perda de hábitat e controlar atividades de caça, possibilitando que espécies como o mico-leão-dourado e o papagaio-de-cara-roxa não desaparecessem. Outro exemplo é a moratória para a caça de baleias, que garantiu a recuperação da baleia-azul.
A maioria das ações de conservação tem como foco os mamíferos e as aves. O estudo aponta que os anfíbios estão em “situação calamitosa”, sofrendo com altos níveis de ameaça e pouco esforço de preservação. Um dos problemas é uma nova doença, altamente contagiosa, que parece capaz de levar dezenas de espécies à extinção em poucos anos, ainda não se descobriu a cura. “Nessa fase, a única solução é garantir que existam populações em cativeiro como um “seguro” contra extinção”, diz Ana.
Fonte: O Estado de São Paulo (acessado em 27/10/10)