Vírus do Nilo Ocidental é isolado pela primeira vez no Brasil

Pesquisadores do IEC anunciaram ter feito o primeiro isolamento em equinos de uma fazenda no Espírito Santo
Texto: Agência Fapesp (adaptado pela Comunicação CRMV-SP)
Foto: Adobe Stock

O vírus do Nilo Ocidental chegou ao Brasil. Pesquisadores do Instituto Evandro Chagas (IEC), em Belém, anunciaram ter feito o primeiro isolamento em equinos de uma fazenda no Espírito Santo, mortos por encefalite – inflamação do cérebro e das meninges – causada pelo vírus. A descrição foi publicada pelo sistema fast track – de publicação acelerada de artigos – na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.

Um dos autores, Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, pesquisador do IEC, abordou o trabalho em palestra sobre arboviroses no Brasil, durante a 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Da mesma família do zika, o vírus do Nilo Ocidental é também originário da África e transmitido por mosquitos. Entrou nas Américas pelos Estados Unidos, no fim da década de 1990, dispersou-se rapidamente naquele país e migrou para as Américas Central e do Sul.

“Desde que surgiram os primeiros casos de infecção, nos Estados Unidos, começamos a monitorar aves silvestres, principais hospedeiros do vírus, a fim de tentar isolar esse vírus no Brasil, mas até então só tínhamos algumas evidências sorológicas. “Finalmente conseguimos isolá-lo de equinos de uma fazenda no Espírito Santo, cujos responsáveis pediram que fizéssemos o diagnóstico”, enfatiza Vasconcelos

Sequenciamento
Os pesquisadores também sequenciaram o genoma completo do vírus isolado. As análises indicaram que o genótipo encontrado nos equinos é o mesmo do vírus do Nilo Ocidental que tem sido isolado nos Estados Unidos, além da Argentina e Canadá, onde também há relatos de infecção. “Isso mostra que o vírus se dispersou pelas Américas, provavelmente, por aves silvestres”, afirma Vasconcelos.

De acordo com o pesquisador, o vírus do Nilo Ocidental entrou nas Américas pelo estado de Nova York. O zoológico da cidade importou de Israel uma série de animais infectados, principalmente gansos, patos e marrecos. Mosquitos Culex pipiens – “irmão” do Culex quinquefasciatus que ocorre no Brasil e transmite filária ou elefantíase – picaram esses animais e propagaram o vírus pelos Estados Unidos.

Expectativa
A maioria dos casos de infecção de humanos pelo vírus são assintomáticos ou manifestam poucos sintomas, como febre, dores de cabeça, fadiga, dores musculares, náuseas, perda de apetite e rash cutâneo. Em 1% dos casos, contudo, o vírus afeta o sistema nervoso central e causa uma doença neurológica, que provoca inflamação do cérebro e das meninges e leva o paciente a óbito.

“Não esperamos que ocorram muitos casos de infecção grave por vírus do Nilo Ocidental no Brasil, como ocorreu nos Estados Unidos, porque lá não tem dengue, eles não se vacinam contra febre amarela e não há outros flavivírus que circulam imensamente no Brasil, como zika, chikungunya, dengue e febre amarela”, disse Vasconcelos.

Pequenos surtos
Segundo o pesquisador do IEC, o que pode acontecer no Brasil “são pequenos surtos localizados, principalmente em áreas onde ainda não ocorreram ou aconteceram com menos frequência outras arboviroses, como a região Sul do país”.

O vírus do Nilo Ocidental, entretanto, pode ser uma grave ameaça à saúde animal no Brasil, especialmente para equinos e aves, ponderou o pesquisador. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi registrada uma grande mortandade de corvos à medida que o vírus foi se estabilizando.

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