Tratamento inovador do câncer de próstata canino associa quimioterápico a anti-inflamatório

Palpação retal em cães, especialmente a partir dos cinco anos, é indicação na rotina de atendimento clínico
Texto: Comunicação do CRMV-SP
Foto: Freepik

O câncer de próstata em cães apresenta desafios muito particulares para o tratamento dos pacientes quando comparado com outras neoplasias na espécie. Para o combate aos tumores no órgão, a associação de quimioterápicos com fármacos anti-inflamatórios está entre as práticas inovadoras que têm apresentado bons resultados na Oncologia Veterinária.

“O uso do quimioterápico doxorrubicina, associado aos anti-inflamatórios não esteroidais, inibem a enzima ciclooxigenase 2 (COX-2)”, argumenta o médico-veterinário oncologista Carlos Eduardo Fonseca Alves, membro da Abrovet e do Prostate Oncology Pathology Working Group, grupo de trabalho ligado à Veterinary Cancer Society (VCS).

O especialista explica que esse tipo de tratamento ajuda porque os tumores prostáticos apresentam alta expressão desta enzima. E ressalta que a literatura atual aponta que essa expressão de COX-2 nos tumores não está relacionada à inflamação, e sim à proliferação do tumor.

Merece destaque ainda a terapia gênica com toceranib para bloquear proteínas tirosina quinases receptoras, que contribuem para o crescimento dos tumores. “Outros avanços estão por vir no campo da terapia gênica. Já está em experimentação in vitro, por exemplo, o uso da laparinib para inibir receptores HER2 na próstata do cão, assim como na do homem”, conta Alves.

Dificuldade no diagnóstico

No que diz respeito ao diagnóstico da doença, no Brasil faltam recursos e inovações, enquanto que em países desenvolvidos o cenário é mais positivo. Diferente dos homens, ainda não há um exame de sangue que sinalize que algo pode estar errado com a próstata do animal, portanto os exames de diagnóstico por imagem são essenciais.

Um agravante é o fato de a patologia ser assintomática na maioria das fases da doença. “O animal só apresentará sintoma discreto em estágio avançado”, frisa a médica-veterinária oncologista Renee Laufer Amorim, também membro da Abrovet e do Prostate Oncology Pathology Working Group. Um dos sintomas citados pela profissional é o animal mancar de uma pata traseira, o que, não raro, é confundido com problemas ortopédicos.

Palpação retal e incidência

Para Renee, os profissionais devem realizar discussões frequentes sobre a doença e manter, nas consultas de rotina, a palpação retal. A médica-veterinária destaca que o exame é ainda mais importante a partir dos cinco anos de idade do animal, uma vez que a doença acomete cães idosos.

Pesquisas na área de Oncologia Comparada, segundo Alves, mostram que entre os humanos o câncer de próstata é mais frequente, os tumores são hormônio-dependentes, mas com bom prognóstico. Já entre os cães representam menos de 1% dos tumores que acometem a espécie, porém são hormônio-independentes e mais agressivos. “Em cães há alta incidência de metástase, acometendo a parte óssea da região, a bexiga e outros órgãos”, completa Renee.

Novo recurso cirúrgico

No Brasil, o tratamento cirúrgico é o convencional. No entanto, como a doença é descoberta em estágio avançado, nem sempre é a melhor opção. “É uma cirurgia muito invasiva, que requer intervenção no osso pélvico e no percurso da uretra. Muitos morrem em decorrência da cirurgia”, comenta Renee.

A oncologista argumenta que, no exterior, além de mais acesso aos equipamentos para diagnóstico, há a vantagem de um novo recurso cirúrgico por vídeo, para a destruição do parênquima prosaico (mesma cirurgia dos humanos). O procedimento, chamado embolização da próstata, é utilizado pelo professor da UC Davis, William Culp, para tumores não metastáticos.

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