Pandemia pode aumentar poluição nos oceanos com maior consumo de embalagens

Cerca de 80% das tartarugas marinhas morrem pela ingestão de resíduos, principalmente, plástico
Comunicação CRMV-SP

A sociedade deveria estar comemorando o Dia Mundial dos Oceanos, celebrado em 8 de junho, mas infelizmente será necessário lembrar a data como um alerta para a biodiversidade que vive dentro e fora deles. Afinal, eles absorvem 90% do calor do planeta, recolhem 30% do dióxido de carbono e fornecem 50% do oxigênio necessário para sobrevivência na Terra.

Com a pandemia e o maior consumo de embalagens, a poluição nos oceanos tende a aumentar e com ela as consequências negativas à vida marinha. De acordo com a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA), 25 milhões de toneladas de resíduos sólidos chegam aos oceanos todos os anos, e 50% desse valor é de plástico, material que mais afeta os animais marinhos.

Para a médica-veterinária, Cristina Fotin, da Comissão de Médicos-veterinários de Animais Selvagens, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), as tartarugas e aves, como o albatroz e o petrel, são os que mais sofrem com essa situação e os médicos-veterinários têm atuado no resgate e recuperação desses animais.

“Essa situação dos lixos nos oceanos pode gerar, além da morte por ingestão dos resíduos, alterações congênitas e hormonais, sofrimento, deformações físicas e a diminuição ou interrupção da cadeia alimentar, uma vez que há a morte de algumas espécies importantes para o processo”, alerta Cristina, lembrando que, depois do plástico, os artefatos de pesca são os resíduos mais prejudiciais.

Dois lados

Com a pandemia e a necessidade da população do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) descartáveis, como máscaras e luvas, assim como embalagens plásticas e de isopor, por conta das compras delivery, especialistas preveem aumento de resíduos nos oceanos. O ser humano não está na praia, mas continua consumindo, e sem um destino adequado, com certeza chegará aos oceanos.

Por outro lado, com o isolamento imposto às pessoas, os animais que vivem no entorno dos oceanos estão podendo circular mais livres. “Os lugares estão mais tranquilos, com menos ruídos e, dessa forma, estão sendo utilizados principalmente pelas aves marinhas”, comemora Paula Canabarro, oceanóloga e coordenadora do Centro de Recuperação de Animais da Marinhos (CRAM-Furb).

Responsabilidade do médico-veterinário

Quando se fala em poluição nos oceanos, é imprescindível analisar as duas formas em que os resíduos chegam. Uma delas, segundo o médico-veterinário Rodolfo Pinho da Silva Filho, vice-presidente do Instituto Mar, são os resíduos que as pessoas deixam na areia, na beira-mar. A outra é com o ciclo da água, quando resíduos, destinados indevidamente, acabam nos oceanos.

“Com a pandemia, o lixo que estava na praia diminuiu, porém o que vem do ciclo da água continua chegando e talvez em maior volume. O que precisamos é a conscientização de todos, começando pelos médicos-veterinários, para informar a população da realidade e da destinação correta de resíduos.”, explica Silva Filho.

O homem entende o meio ambiente como se fosse um anexo de sua vida, e não é, nós fazemos parte dele

(Rodolfo Pinho da Silva Filho)

Recuperação de animais marinhos

Paula conta que das tartarugas que chegam para serem recuperadas, só é possível reabilitar de 20 a 30 %. “Das que morrem, 80% tinham lixo em sua cavidade abdominal ou trato intestinal”, lamenta.

No CRAM, chegam anualmente 200 animais marinhos para serem reabilitados. “As tartarugas marinhas são as que mais aparecem com ingestão de lixo, entre os resíduos plásticos e fios de nylon. Porém, encontramos lixo no trato intestinal em todos os outros bichos que chegam para nós”, comenta a oceanógrafa.

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