No dia 24 de julho, celebra-se o Dia da Suinocultura, área da Medicina Veterinária e da Zootecnia que se dedica à criação de suínos. Em meio a tantas notícias alarmantes sobre os impactos da peste suína na Ásia, que geram receio entre os consumidores de várias regiões do mundo, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) aproveita a data para refletir sobre o panorama do setor no Brasil e as perspectivas futuras.
“O panorama para a suinocultura brasileira é muito favorável, até porque está havendo um problema sério por causa da peste africana na China, que é um grande produtor e consumidor de carne suína. Isso de alguma forma ajuda bastante o Brasil no sentido de abastecer o mercado chinês com produtos de qualidade”, analisa o médico-veterinário Ricardo Moreira Calil, presidente da Comissão Técnica de Alimentos (CTA) do CRMV-SP.
Segundo dados publicados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial de suínos. O segmento emprega 126 mil pessoas de forma direta e 923 mil de forma indireta, gerando R$ 17,6 bilhões em impostos. A cadeia produtiva como um todo movimenta quase R$ 150 bilhões por ano.
Perspectivas de crescimento
De acordo com o Anuário da Pecuária Brasileira (ANUALPEC 2019), atualmente, o Brasil abate cerca de 44 milhões de suínos por ano, com perspectiva de aumento na produção.
“A suinocultura brasileira tem se desenvolvido nos últimos anos, mas sempre enfrenta desafios importantes, como a alta dos grãos que afeta diretamente a lucratividade do produtor. Este ano, em especial, a suinocultura brasileira aumentou consideravelmente seu lucro em decorrência das crises sanitárias em outros países. A expectativa é a abertura de novos mercados para a atividade”, observa a zootecnista Paola Moretti Rueda, integrante da Comissão Técnica de Bem-Estar Animal do CRMV-SP.
Boas práticas de produção
Quanto à criação propriamente dita, Calil destaca a importância das boas práticas de manejo animal, incluindo cuidados para proteção do meio-ambiente, questões sanitárias e programas de biosseguridade. “Tudo isso leva a uma criação altamente tecnológica. No Brasil, as grandes granjas criadoras são muito bem organizadas, tem padrão tecnológico compatível com qualquer país desenvolvido do mundo”, explica.
Paola alerta que os cuidados com a biossegurança, tais como evitar o contato de animais sinantrópicos, cumprir os vazios sanitários e estar sempre atento a sinais clínicos, são fundamentais para evitar a disseminação de doenças.
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(Paola Moretti Rueda)
Livre de estresse
“Animais bem criados, livres de estresses desnecessários e que tenham suas necessidades comportamentais atendidas têm uma melhor imunidade, o que leva à diminuição ou a não necessidade de uso profilático de antibióticos, firmando assim um marco contra o aumento de bactérias multirresistentes”, ressalta a zootecnista.
Além disso, o Brasil tem condições climáticas ideais para produção de suínos com altos níveis de bem-estar, porta de entrada para mercados mais exigentes e que bonificam mais o produtor. “Produzir com boas práticas significa melhoria de vida para os animais, produtores e meio-ambiente, atingindo assim o que chamamos de Bem-estar Único e, por consequência, a Saúde Única”, conclui Paola.