Em 2016, pesquisadores brasileiros descobriram um recife na foz do rio Amazonas, o Grande Recife Amazônico, com 56 mil quilômetros quadrados. A descoberta foi muito comemorada e desencadeou uma série de outros achados que podem servir de ponto de partida para o desenvolvimento de novas tecnologias.
É o caso de estudo recente que identificou novo grupo de esponjas com alto potencial biotecnológico: Arenospicula (Niphatidae). São organismos carbonatados, como os encontrados no Grande Recife Amazônico, compostos por moléculas e genes ainda desconhecidos.
Esses organismos podem ser fontes de nutrientes para fertilizantes do solo, medicamentos contra doenças infecciosas, o câncer ou até mesmo a produção de heparinas, entre muitas outras aplicações possíveis. E para impulsionar as pesquisas e alcançar desafios competitivos foi criada a Rede Nacional de Pesquisa em Biotecnologia Marinha (BiotecMar).
“Exemplos como esses e tantos outros mostram que há ainda muito o que conhecer da biodiversidade marinha. Por isso, descobrir novas espécies, mapear novos genes e conhecer melhor a interação entre microrganismos e macrorganismos são de interesse da BiotecMar”, disse Roberto Berlinck, professor no Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), integrante da Rede BiotecMar e membro da coordenação do programa Biota-Fapesp.
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(Roberto Berlinck)
Inovação em pesquisa
Um trabalho recente, publicado na revista Cell por pesquisadores da Rede, mostrou que, a partir do material genético (bancos de germoplasma e DNA metagenômico) de esponjas, corais e rodolitos, é possível descobrir genes que codificam moléculas bioativas.
Articulada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a BiotecMar conta com mais de 120 pesquisadores de todo o País, vários com longa carreira na área da biotecnologia, como Wagner Valenti, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), e Paulo Mourão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).