No Dia Mundial da Vida Selvagem (03/03), médicos-veterinários brasileiros podem comemorar que, recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o uso veterinário das substâncias carfentanil e etorfina, anestésicos potentes usados no manejo de animais selvagens de grande porte.
A iniciativa atende uma demanda antiga do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que, desde 2012, solicita à agência a inclusão desses hipnoanalgésicos na lista de substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial no País, aprovada pela Portaria SVS/MS nº 344/1998.
Após oito anos do pleito, a Anvisa publicou a Resolução RDC nº 337, de 11 de fevereiro 2020 e regulamentou no Brasil o uso desses dois opióides (lista F1, adendo 3), que já são amplamente usados por médicos-veterinários de países como Estados Unidos, Japão e diversas nações da Europa, que lidam com grandes espécies em zoológicos, como elefantes, girafas e rinocerontes.
A norma da Anvisa admite o uso veterinário das substâncias desde que devidamente autorizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e atendidos os demais requisitos de controle estabelecidos pelas legislações vigentes. A etorfina já era admitida pelo Mapa, desde 2012 (IN 25), e a carfentanil, desde 2017 (IN 35).
Conquista do Sistema
Segundo Fernando Zacchi, assessor técnico do CFMV, é uma grande conquista do Sistema CFMV/CRMVs para os médicos-veterinários que atuam em zoológicos e precisam anestesiá-los para procedimentos cirúrgicos animais megavertebrados, como hipopótamos, ou, em casos extremos, como o de fuga, ter condições de anestesiar rapidamente um elefante”, enfatiza.
“Também pode ser uma alternativa para eutanasiar baleias nas situações de encalhe, quando não há possibilidade de resgate e os exames clínicos constatam que o animal está em sofrimento, sempre respeitando o que preconiza a Resolução CFMV nº 1000/2012”, avalia Zacchi, que participa do grupo técnico de controlados, uma subcomissão da Câmara Pet do Mapa.
Manuseio exige cuidado
Como médico-veterinário que atuou diretamente com animais selvagens durante sua experiência clínica profissional, Zacchi adverte “são drogas muito potentes e exigem um extremo cuidado no manuseio, só podendo ser utilizadas por profissionais treinados. A aplicação acidental em uma pessoa pode matar”.