Brasil confirma primeiros casos de Influenza Aviária em aves silvestres

Mapa e entidades do setor ressaltam que a situação não muda o reconhecimento de País livre da doença e que não devem ser impostas restrições ao comércio internacional
Texto: Comunicação CRMV-SP / Foto: AdobeStock

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou nesta segunda-feira (15) a primeira detecção do vírus da Influenza Aviária (H5N1) de Alta Patogenicidade (IAAP) no Brasil, em três aves migratórias costeiras, sendo duas da espécie Thalasseus acuflavidus (trinta-réis de bando) e uma da espécie Sula leucogaster (atobá-pardo). Também está sendo investigado o primeiro caso suspeito em humanos no País.

Os animais foram encontrados na cidade de Marataízes e em um bairro em Vitória, capital do estado do Espírito Santo, e encaminhados ao Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram). Já o caso suspeito em humanos, trata-se de um funcionário de um parque municipal de Vitória, onde uma das aves foi encontrada.

Apesar da confirmação, o Mapa e entidades do setor ressaltam que a situação não muda o reconhecimento do Brasil como país livre da gripe aviária, pois os casos estão isolados em áreas que não são do pólo da avicultura. Desta forma, os demais países não devem impor restrições ao comércio internacional de produtos avícolas brasileiros como consequência da notificação e não haverá nenhum impacto no fornecimento de alimentos para o mercado interno.

No estado de São Paulo, o diretor técnico de serviço da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) e responsável pelo Programa Estadual de Sanidade Avícola, Paulo Roberto Blandino de Lima Dias, afirma que o órgão atua de forma intensiva para prevenir e identificar possíveis casos desde setembro de 2022 por meio de ações de vigilância e parcerias, como o Projeto de Monitoramento de Praias, os quais percorrem diariamente as praias paulistas.

“Também foram feitas reuniões com a Secretaria do Meio Ambiente e seus diversos pontos de atuação no Estado, de forma a implementar uma malha de vigilância em parques, zoológicos, e centros que recebem aves e outros animais em diferentes municípios”, afirma Dias. 

Em abril, a CDA finalizou pesquisa e coleta sobre circulação viral para Influenza Aviária em 85 pontos de riscos, em 72 cidades do Estado. “Nesta semana estamos desenvolvendo ações de vigilância para a IAAP em Cananéia (Ilha do Cardoso) e Ilha Comprida, amostrando aves de vida livre e aves de subsistência das regiões”, enfatiza o diretor técnico de serviço da CDA.

Estado de alerta

A depender da evolução das investigações e do cenário epidemiológico, novas medidas poderão ser adotadas pelo Mapa e pelos órgãos estaduais de saúde animal para evitar a disseminação do vírus e proteger a avicultura nacional.

O ministro Carlos Fávaro declarou estado de alerta com o objetivo de “aumentar a mobilização do setor privado e de todo o serviço veterinário oficial para incrementar a preparação nacional, aumentando a vigilância sobre a pandemia de IAAP”, com intensificação de ações de comunicação e prevenção, em especial entre criadores de aves.

A identificação e notificação dos casos suspeitos de IAAP em aves silvestres é resultado de um sistema de vigilância com adoção da abordagem em saúde única executado em parceria entre o Mapa, Ministério do Meio Ambiente (ICMBio e Ibama), o Ministério da Saúde e o Programa de Monitoramento de Praias (PMP).

Gripe aviária

A Influenza Aviária (H5N1) é uma doença viral altamente contagiosa e que afeta principalmente aves silvestres e domésticas. Atualmente, o mundo vive uma pandemia da influenza, sendo a maioria por meio do contato de aves migratórias com aves de subsistência, produção ou silvestres de uma região.

Na América do Sul, desde outubro de 2022, já foram notificados focos da doença na Colômbia, Equador, Venezuela, Peru, Chile, Bolívia, Uruguai e Argentina, em alguns casos limitando-se a aves silvestres e outros atingindo aves domésticas de subsistência ou de produção. A Organização Pan-America de Saúde (Opas) também advertiu sobre a confirmação do primeiro caso de infecção humana causada pelo vírus da gripe aviária, do tipo A e cepa H5N1, na América do Sul, em janeiro deste ano.

Disseminação

Para a especialista ambiental da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do estado de São Paulo, e membro da Comissão de Médicos-veterinários de Animais Selvagens do CRMV-SP, Helia Maria Piedade, ainda que os casos não tenham sido identificados no pólo da avicultura, o risco existe desde que a IAAP foi detectada nos países de fronteira.

“A disseminação da IAAP se dá entre as aves com taxas altas, e a movimentação de animais portadores do vírus é um risco permanente para contaminação de criações comerciais ou de subsistência que não tenham adotado protocolos de biosseguridade em suas propriedades”, explica a médica-veterinária.

O presidente da Comissão de Médicos-veterinários de Animais Selvagens da autarquia, Fabrício Braga Rassy, reforça que as medidas sanitárias nos empreendimentos da avicultura industrial devem ser seguidas e intensificadas. “O mais importante neste momento é fazer com que as barreiras evitem a disseminação do vírus e que ele chegue à cadeia produtiva”, diz. 

Por isso, a vigilância precisa ser ainda mais ativa para a detecção precoce de casos, sendo o serviço veterinário oficial (servidores das secretarias de agricultura e abastecimento dos estados) o agente principal para a notificação e coleta de amostras de possíveis aves positivas.

Transmissão e notificação

Ao se encontrar uma ave silvestre ou doméstica com sintomas da doença (sinais neurológicos, respiratórios, conjuntivite, andar cambaleante, pescoço deitado e alta mortalidade em uma área), a orientação é acionar imediatamente o serviço veterinário oficial da cidade ou a Superintendência Federal de Agricultura e Pecuária. É possível fazer uma notificação on-line no Sistema Brasileiro de Vigilância e Emergências Veterinárias, o e-Sisbravet, ou no Serviço Veterinário Oficial.

Apesar de raras, cabe ressaltar que infecções humanas pelo vírus da influenza aviária podem ocorrer por meio do contato direto com aves infectadas (vivas ou mortas) ou ambientes contaminados (secreções respiratórias, sangue, fezes e outros fluidos liberados no abate das aves). “A manipulação destes animais nunca deve ser realizada sem equipamentos de proteção individual (EPI) eficientes, pois se trata de uma zoonose com altas taxas de mortalidade para humanos acometidos”, alerta a médica-veterinária Helia Maria Piedade.

Não há evidências de que a doença possa ser transmitida às pessoas por meio de alimentos devidamente preparados e bem cozidos, segundo informações da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), e outros órgãos reconhecidos internacionalmente.

“A IAAP não é transmitida por meio do consumo de aves sadias abatidas (frango, peru, pato, etc) de forma adequada e que passaram por inspeção sanitária. Da mesma forma os ovos produzidos em planteis saudáveis”, pondera Helia Maria.

Brasil confirma primeiros casos de Influenza Aviária em aves silvestres

E agora?!

Veja informações e medidas para prevenir a doença 

Situação atual 

- O Mapa confirmou a detecção do vírus da Influenza Aviária no Brasil, em três aves migratórias costeiras, no Espírito Santo;
- A situação não muda o reconhecimento de País livre da gripe aviária e não devem ser impostas restrições ao comércio internacional;
- Os casos estão isolados em áreas que não são do pólo da avicultura, por isso não interferem na produção de alimentos.

Transmissão

- Apesar de raro, o vírus pode ser transmitido ao homem por contato direto com as aves infectadas, vivas ou mortas; ou ambientes contaminados (secreções respiratórias, sangue, fezes e outros fluidos liberados no abate das aves);
- Os sintomas apresentados pelos animais são sinais neurológicos ou respiratórios, conjuntivite, andar cambaleante, pescoço deitado e alta mortalidade em uma área.
- A manipulação de aves nunca deve ser realizada sem EPIs eficientes, pois se trata de uma zoonose com altas taxas de mortalidade para humanos acometidos.

Achou aves doentes ou mortas?

Avise imediatamente o serviço veterinário oficial por meio do E-Sisbravet ou pelo Formulário de Notificação de Suspeitas de Doenças em Animais, ambos do Ministério da Agricultura e Pecuária.

Não existe nenhuma restrição ao consumo de carnes de aves (frango, pato, peru, etc) e ovos devido à Influenza Aviária.

Para esta doença, prevenção é a solução!

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