O Brasil iniciou, na última sexta-feira (9/11), a operação conjunta para erradicar a febre aftosa na Venezuela, único país das Américas que ainda não é reconhecido livre da doença, em todo o seu território, pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A ação ocorreu na comunidade indígena de Acurimã, município de Gran Sabana. O rebanho era formado por 18 cabeças.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a operação conjunta na Venezuela interessa a toda a América do Sul, em especial ao Brasil. Ou seja, é uma questão humanitária e também uma estratégia de segurança.
A Colômbia é outro país da Região Andina em luta contra a aftosa. O status colombiano de zona livre da doença foi alterado pela OIE, em 17 de setembro de 2018, após as confirmações oficiais de focos no interior do País e na fronteira oeste com a Venezuela.
A atuação conjunta está prevista na Resolução n° 1 da Comissão Sul Americana da Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa), de abril de 2018, que reconheceu “a necessidade premente dos 13 países membros apoiarem a Venezuela”, sob a coordenação do Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa).
Ameaça
Segundo dados da Cosalfa-OIE de 2017, o plano de erradicação na Venezuela prevê três vacinações anuais para imunização do rebanho, estimado em 15 milhões e 450 mil cabeças: duas vacinações de todos os animais, de mamando a caducando, e uma vacinação somente de animais jovens.
Todo o Brasil foi reconhecido livre com vacinação pela OIE em maio de 2018. A exceção é Santa Catarina, livre de aftosa sem vacinação desde 2007. Atualmente, as principais ameaças à saúde do rebanho bovino brasileiro – o maior do mundo, com 219 milhões de cabeças – estão ao sul da Venezuela, na fronteira seca da Região Norte do Brasil, em Roraima, no município de Pacaraima.
Zona de proteção
Quando o Brasil encaminhou à OIE, em setembro de 2017, o pleito de reconhecimento de livre de febre aftosa com vacinação, apresentou a proposta de criação da zona de proteção em Pacaraima. Em 8 de outubro de 2018, a Instrução Normativa 52 do Mapa instituiu a zona de proteção na área de 180 quilômetros quadrados.
Ao longo da linha de fronteira de 33 quilômetros, Pacaraima faz divisa com Gran Sabana, o maior município de Bolívar, que é o maior estado da Venezuela: 240.528 quilômetros quadrados, 26% da área total do País.
Agulha oficial
A vacinação de todos os bovinos em Pacaraima é feita pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO), na ação chamada de agulha oficial. Nessa área, o SVO é representado pelos veterinários e auxiliares de campo da Superintendência Federal de Agricultura de Roraima (SFA-Roraima) e da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (ADERR).
Os animais são identificados individualmente com brincos numerados e os embarques acompanhados pelo SVO em caminhões lacrados. O Ministério prevê um longo período de existência da zona de proteção que será mantida enquanto Venezuela e Colômbia avançam na erradicação e controle da doença. A estimativa para alteração significativa do cenário epidemiológico na Região Andina é de dois a quatro anos.