O período que antecede a Páscoa é normalmente acompanhado por um aumento na compra e consumo de peixes em todo o País. Devido a essa tendência é importante orientar a população para a adoção de boas práticas para se selecionar, comprar e conservar o peixe ou fruto do mar.
Já que as doenças transmitidas por alimentos (DTA) são uma importante causa de morbidade no Brasil. Em 2018, segundo o Ministério da Saúde (MS), ocorreram 503 surtos com quase 7 mil doentes, 731 hospitalizados e nove óbitos.
Na hora da compra em um mercado ou feira, o consumidor deve se preocupar com a procedência dos produtos, garantindo que só chegue à mesa de Páscoa itens inspecionados por um médico-veterinário.
Nas peixarias, a origem dos pescados frescos comercializados deve estar disponível. No caso dos peixes embalados, o selo de inspeção deve estar visível na embalagem. “É importante saber se o produto passou pela inspeção oficial, para garantir a segurança do pescado”, ressalta o presidente da Comissão Técnica de Alimentos (CTA) do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Ricardo Calil.
Cuidados redobrados
Segundo Calil, o processo de conservação ideal do pescado começa muito antes de chegar ao consumidor final. “A carne do pescado fresco, pela sua constituição, exige temperatura próxima de zero (0°C). E no caso da carne congelada, a 18 graus negativos (-18°C), para que a durabilidade seja a maior possível”, afirma o médico-veterinário.
No caso do peixe fresco, o consumidor deve fazer uma avaliação criteriosa, conforme orienta Camila Hirai, médica-veterinária integrante da CTA e responsável técnica pela central de distribuição de uma rede de supermercados. “O peixe deve estar com pele, escamas e olhos brilhantes, tonalidade viva e ausência de muco espesso. As escamas devem bem aderidas, as brânquias úmidas e avermelhadas, a carne firme e elástica, e o odor suave e característico.”
Alimento seguro
Já os peixes congelados devem estar em embalagem íntegra, com data em que foi embalado e, quando comercializados em pedaços, não devem estar em blocos. “Através da embalagem que é possível identificar a origem do produto, a faixa de temperatura para manter o alimento seguro, como também a validade”, destaca Calil.
Camila complementa, dando outra importante orientação ao consumidor. “O pescado deve ser a última coisa a ser colocada no carrinho de compras”, enfatiza a médica-veterinária.
Bacalhau
Tradicional iguaria consumida na Páscoa, o bacalhau tem características particulares a serem observadas no momento da compra. “O bacalhau deve apresentar a superfície devidamente seca, não pode estar pegajoso e apresentar limosidade ou bolor”, alerta Camila.
“É preciso tomar alguns cuidados, porque o verdadeiro bacalhau é o Gadus morhua (Cod), também denominado Porto. O Gadus macrocephalus tem semelhança com o verdadeiro, mas não se desfaz em lascas e tem uma carne fibrosa, por isso, costuma ter um preço abaixo do morhua. As demais espécies, como ling, zarbo e saithe, são peixes salgados secos”, alerta o presidente da CTA do CRMV-SP.