Dia Mundial da Saúde propõe reflexão sobre importância do meio ambiente

Tema da campanha global neste ano vem ao encontro das discussões envolvendo o papel de destaque da Medicina Veterinária para a difusão do conceito e investimentos em Saúde Única
Comunicação/ Foto: OPAS/OMS

Com a pandemia da Covid-19 que desestabilizou o mundo nos últimos dois anos, a população acompanhou em tempo real o trabalho de equipes multidisciplinares na busca por soluções e ferramentas que pudessem amenizar os impactos que extrapolaram a estrutura de saúde pública e atingiram, indiretamente, as organizações sociais e econômicas em nível global. Diante da necessidade incontestável de ajustes pós-pandêmicos, o Dia Mundial da Saúde, celebrado nesta quinta-feira (07), é uma oportunidade de refletir sobre a importância de se investir em Saúde Única.

Celebrada anualmente desde 1950 em comemoração a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS) dois anos antes, a data desta vez traz o tema “Nosso planeta, nossa saúde”, propondo uma reflexão sobre a oportunidade de uma recuperação saudável e verde no pós-pandemia e de novas abordagens para garantia da qualidade de vida e bem-estar, além da prevenção de novas pandemias.

Para a presidente da Comissão Técnica de Saúde Pública Veterinária do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), a médica-veterinária Adriana Maria Lopes Vieira, a campanha da OMS é uma oportunidade de apresentar, na prática, a relevância do médico-veterinário para o fortalecimento dos sistemas de saúde diante dos desafios futuros.

O foco da campanha deste ano é uma forma de recordar que a solução de muitos dos problemas estão além do âmbito exclusivo da saúde humana. Um estudo publicado na revista científica Science Advances em fevereiro apontou que praticamente todas as pandemias desde o início do século 20 surgiram como zoonoses, reforçando o que já é defendido pelo CRMV-SP junto às autoridades públicas há anos: a necessidade do investimento em Medicina Veterinária Preventiva, assim como da participação de médicos-veterinários nas equipes de saúde pública.

De acordo com os pesquisadores responsáveis pelo estudo, a prevenção de uma pandemia é 20 vezes mais barata do que o custo para o seu enfrentamento. “Nesse contexto, indubitavelmente, é necessário considerar os conceitos de Saúde Única e bem-estar coletivo, nessa união indissociável entre a saúde e bem-estar humano, animal e ambiental, onde o desenvolvimento de ações com abordagem interdisciplinar e o envolvimento de várias áreas de conhecimento são imprescindíveis, e a atuação do profissional médico-veterinário é indispensável”, afirma Adriana.

Riscos e investimento necessário

Ao associar o Dia Mundial da Saúde à Medicina Veterinária, presidente da Comissão Técnica de Saúde Pública e membro da Comissão de Políticas Públicas do CRMV-SP, especializada em Saúde Pública, Administração de Serviços de Saúde e Mestre em Epidemiologia Aplicada às Zoonoses, lembra que “segundo a OMS, 60% das doenças infecciosas humanas existentes são zoonóticas, 75% das doenças infecciosas emergentes dos seres humanos têm origem animal, três em cada cinco novas doenças que surgem anualmente são de origem animal, e 80% dos agentes com potencial uso em bioterrorismo são patógenos zoonóticos”.

Em contrapartida, reforça Adriana, “apesar de todos os esforços internacionais para a efetivação da Saúde Única, no Brasil ainda há muito que se investir na mudança de paradigma, de forma a se trabalhar efetivamente na interface animal-humano-ecossistema para a elaboração de políticas públicas que garantam a saúde e o bem-estar único”.

Saúde Pública Veterinária

Com o intuito de desmistificar a atuação efetiva da classe na elaboração de estratégias preventivas, a presidente da Comissão do CRMV-SP lembra que os “médicos-veterinários estão presentes na promoção e preservação da saúde dos animais, possibilitando a redução de risco de transmissão de doenças de caráter zoonótico aos seres humanos, auxiliam na prevenção de agravos causados pelos animais, asseguram alimentos de melhor qualidade, atuam no desenvolvimento de vacinas, novos tratamentos e métodos diagnósticos”.

Ainda sobre a relação direta entre pandemia e as mudanças inevitáveis relacionadas à saúde única, Adriana conclui que “o evento cuja magnitude e complexidade atingiu o mais alto nível de alerta da OMS, conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional, demanda esforço conjunto de todo o Sistema Único de Saúde onde o médico-veterinário desempenhará, a cada dia, papel fundamental”.

Caráter Multidimensional

A proposta da OMS para o Dia Mundial da Saúde 2022 sugere, entre outros pilares, a “reinvenção do mundo como o conhecíamos até hoje”. Tal sugestão é considerada positiva para a médica-veterinária e conselheira do CRMV-SP, Suely Stringari, que é especializada em Saúde Pública, foi conselheira efetiva do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional e do Conselho Estadual de Saúde de São Paulo, e atualmente também integra a Comissão de Estudos e Estatísticas dos Processos Ético-profissionais do Regional. 

Suely Stringari vai além e reitera que a relevância dos médicos-veterinários e dos zootecnistas, estes especialmente no cuidado com o manejo e nutrição animal, no conceito atualizado de saúde integrativa e complementar é justificada pela inserção direta dos profissionais na “segurança alimentar, no vínculo entre humanos e animais domésticos e silvestres, na conectividade entre ecossistemas e na biodiversidade”. 

Os médicos-veterinários, enfatiza Suely, “são agentes fundamentais para a elaboração e prática de políticas públicas voltadas à promoção, prevenção e proteção da saúde”. Para tanto, conclui que os profissionais “estão preparados para discutir e compartilhar a importância da adoção dos princípios básicos que definem a Saúde Única, por meio da qual será possível prevenir, entre outras, as doenças zoonóticas emergentes com potencial pandêmico”.  

Saiba mais:

Na página oficial da campanha promovida pela OMS é possível acompanhar as sugestões de reflexão sobre maneiras para “reinventar o mundo como conhecíamos até hoje”, a partir da atitude individual e seu impacto para a proteção da saúde coletiva e do meio ambiente.

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