Médico-veterinário pode contribuir ativamente com os objetivos da Agenda 2030

Painel da 6ª Semana do Médico-veterinário traz reflexões sobre a importância dos profissionais se atentarem a questões ambientais e incluírem ações sustentáveis em suas rotinas diárias
Texto e foto: Comunicação CRMV-SP

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) elaborados pelos Estados Membros da Organização das Nações Unidas (ONU) surgem como um novo catálogo de ações que buscam concretizar os direitos humanos de todos. São mais de 193 países participantes e 169 metas definidas, que refletem temas pela erradicação da pobreza e da fome, a promoção do crescimento econômico includente, a redução das desigualdades, a ação contra as mudanças climáticas, o acesso universal e o uso racional de água, entre outros.

Para falar sobre a Agenda a ser cumprida pelos países signatários e a responsabilidade do médico-veterinário neste contexto, a 6ª Semana do Médico-veterinário promove painel sobre o tema no dia 18/11, a partir das 19h, com profissionais que atuam de alguma forma com a pauta do desenvolvimento sustentável.

Elma Polegato, presidente da Comissão de Saúde Ambiental do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), explica que a Medicina Veterinária sempre teve como compromisso a responsabilidade sanitária, econômica, social e ambiental, entretanto, por ser uma profissão que abraça diferentes áreas, muitas vezes o profissional fica mais atento às questões técnicas.

“Alguns médicos-veterinários não reconhecem que sua atuação está intimamente relacionada com as mudanças climáticas, seja por meio da aquisição de produtos mais sustentáveis, economia de energia e água, através do manejo e gestão adequada dos resíduos. O uso da terra sem o descarte correto compromete os ecossistemas, que precisam ser preservados para não acarretar a perda da biodiversidade”, diz Elma, que será uma das participantes do painel. 

As iniciativas recentes das organizações mundiais destacam que a saúde dos humanos, animais, plantas e o meio ambiente são interdependentes. “O aumento do desmatamento e o uso indiscriminado da terra pela agricultura, pecuária e urbanização, geram alterações na composição ecológica de animais silvestres e intensificam o contato entre eles e as pessoas. Com isso, há um aumento na introdução de novas doenças à população humana”, alerta Helena Lage Ferreira, docente da Universidade de São Paulo (USP), primeira secretária da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), e coordenadora da Rede Nacional de Vigilância de Vírus (Previr-MCTI) que também estará presente no terceiro dia da Semana do Médico-veterinário.

O médico-veterinário como agente da sustentabilidade

O médico-veterinário pode contribuir de diferentes formas com os objetivos da Agenda 2030, dependendo de sua área de atuação, especialmente quando se trata de educação e orientação adequada aos tutores de animais e seus familiares. 

“Ele é um líder, que pode orientar seus clientes quanto à aquisição de produtos mais sustentáveis e funcionários na destinação adequada de resíduos do estabelecimento. Essas pequenas ações, além de demonstrar protagonismo, aumentam sua credibilidade profissional e inspiram as pessoas quanto à importância de cada um fazer a sua parte no cotidiano”, enfatiza Elma Polegato, presidente da Comissão de Saúde Ambiental.

Para Helena Lage Ferreira, todas as lutas em defesa da sustentabilidade precisam estar alinhadas para que os objetivos possam ser alcançados. “O profissional que atua com Medicina Veterinária Preventiva pode contribuir com os objetivos relacionados à saúde e bem-estar (ODS3), ação contra a mudança global do clima (ODS13), saúde terrestre (ODS 15), parceria e meios de implementação (ODS17). Ele também é capaz de atuar incentivando a igualdade de gênero e educação, estimulando a formação, a voz e a liderança feminina (ODS4 e 5)”, ensina.  

Rodrigo Rabelo, vice-presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária Intensiva (BVECCS) e também convidado do painel, diz que implementar projetos que busquem a normalização, a padronização e o controle de desperdícios também é recomendado. “É importante criar processos e fluxos de trabalho voltados para o uso racional de fármacos que possam comprometer a relação do homem com o meio ambiente e com os próprios animais”, orienta.

Profissional da Saúde Única

Iniciativas mundiais intensificam ações que visam promover a integração das instituições diretamente envolvidas na saúde humana, animal, e ambiental.  Essas iniciativas refletirão ainda mais em políticas públicas e a função do médico-veterinário na Saúde Única estará em maior evidência.

“O médico-veterinário tem uma visão ímpar da Saúde Única devido a sua atuação na produção, bem-estar e saúde animal, defesa sanitária, segurança alimentar, e sustentabilidade. Contudo, precisará trabalhar em colaboração com outros profissionais, pois a integração multidisciplinar é importante e benéfica para a otimização das ações e dos recursos”, acredita Helena Lage Ferreira, uma das autoras da cartilha Monkeypox em Animais, lançada recentemente pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), por meio da RedeVírus MCTI, em parceria com o CRMV-SP.

Uso racional de antimicrobianos

Assim como outros profissionais de saúde pública, os médicos-veterinários devem estar atentos ao uso de antimicrobianos. Desde a avaliação sobre a real necessidade de aplicá-los, passando pela escolha da substância, a forma de prescrição, a orientação àqueles que medicam os animais – pets, silvestres ou de produção – até a conduta para a destinação dos resíduos das substâncias.

“Toda prescrição antimicrobiana feita de forma irracional gera impacto negativo ao meio ambiente e para o futuro de nossas famílias. O médico-veterinário precisa recordar seu papel social como cidadão e profissional da Saúde Única”, reforça Rodrigo Rabelo, vice-presiente da BVECCS e autor do Guia de Uso Racional de Antimicrobianos para Cães e Gatos, elaborado sob coordenação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e em parceria com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).

Rabelo vai além dizendo que levar o tema de sustentabilidade e mudança climática para dentro da rotina diária das clínicas veterinárias deveria ser atribuição de todo profissional. “As empresas também devem ficar atentas aos protocolos de meio ambiente, governança e cuidados com a saúde de seus colaboradores, caminhos importantes que melhoram o desempenho das equipes e impacta nos resultados de forma positiva”, enfatiza.

Atendimento para a prevenção de doenças

Para Elma Polegato, o médico-veterinário deve priorizar o atendimento voltado à prevenção das doenças. “Falta trabalhar de forma mais ativa o contexto onde pessoas e animais convivem juntos, e não apenas orientar para a cura da enfermidade que o animal possui”, enfatiza.

Para que isso ocorra na prática, o ensino da Medicina Veterinária deve dar mais espaço às disciplinas que trabalham a prevenção de doenças, como zoonoses, e a saúde ambiental, o que não ocorre atualmente e reflete em cadeia nos estabelecimentos veterinários. “O atendimento é individualizado e o profissional quer resolver a queixa sanitária, sem se atentar com a causa que levou aquela doença. É preciso fazer a avaliação do contexto da situação, ou as recorrências serão constantes”, alerta.

Serviço:

6ª Semana do Médico-veterinário

Painel “Medicina Veterinária e a Agenda 2030”

18/11, às 19h, on-line

Convidados: Elma Polegato, presidente da Comissão de Saúde Ambiental; Rodrigo Rabelo, vice-presidente da Academia Brasileira de Urgências e Cuidados Intensivos (BVECCS); Helena Lage Ferreira, coordenadora da Rede Nacional de Vigilância de Vírus em Animais (Previr); e Leonardo Maggio, presidente da Comissão de Medicina Veterinária de Desastres e Resgate Técnico do CRMV-SP.

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