Engana-se quem acredita que abandono se restringe ao ato de colocar o animal para fora de casa. Negligência com as necessidades primordiais dos pets dentro de casa também configura o crime. O abandono domiciliar configura-se quando o pet é mantido acorrentado, isolado, sem alimentação adequada, impedido de manifestar comportamentos inerentes à espécie e vivendo em más condições de higiene e saúde. É tão cruel quanto deixar o animal nas ruas.
“Além da necessidade de assistência médica-veterinária periódica e ambiente limpo e confortável, para a saúde e bem-estar, os animais precisam interagir e brincar. Os tutores devem dispor dessa atenção”, afirma a médica-veterinária Cristiane Schilbach Pizzutto, presidente da Comissão de Bem-estar Animal (CTBEA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).
A médica-veterinária explica ainda que os animais são seres sencientes, o que quer dizer que eles são passíveis de sofrimento a partir dos estímulos que recebem. O impacto negativo no bem-estar de um cão ou gato tem efeitos diversos, que vão interferir na saúde do pet e, também, podem agravar situações que dificultam o convívio das famílias com os animais.
As mudanças comportamentais são exemplos bem ilustrativos destes casos. “Se submetido a situações de estresse, o animal pode, por exemplo, passar a ter compulsão por se lamber e, a partir disso, desenvolver um problema de pele”, comenta Cristiane, alertando que as compulsões podem se manifestar de inúmeras outras formas.
Guarda responsável começa antes de o animal ser adotado
Neste contexto, é preciso ter claro que um animal, além de despesas, demanda dedicação, tempo e carinho, além de exigir que os tutores estejam sempre sensíveis para observar o que seu comportamento sinaliza.
Essa clareza pode ser considerada o primeiro passo para a prática da chamada guarda responsável. Isso porque ela começa a ser exercida antes mesmo de se adquirir um pet, quando esses entendimentos, reflexões e avaliações influenciam para que não haja uma adoção ou compra por impulso.
A guarda responsável se dá a partir de um conjunto de medidas:
– Assistência médica-veterinária periódica ou sempre que o animal precisar;
– Alimentação adequada;
– Água limpa à vontade;
– Ambiente limpo e confortável (se em área externa, protegido de sol e chuva);
– Vacinações anuais;
– Controle e prevenção contra vermes, pulgas e carrapatos;
– Castração;
– Momentos reservados diariamente para passeios e brincadeiras;
– Compreensão dos comportamentos inerentes à espécie.
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