Outubro Rosa: avanços da Oncologia Veterinária dão sobrevida a animais

Assim como na Medicina Humana, a imunoterapia é uma tendência no tratamento oncológico dos pets
Texto: Comunicação CRMV-SP
Foto: Pexels

Antigamente, o câncer em cães e gatos levava à eutanásia, hoje, a Oncologia Veterinária tem conseguido mudar essa realidade com diagnósticos mais assertivos e tratamentos que garantem uma sobrevida digna aos animais.

“O diagnóstico inicia-se pela detecção de nódulos na região das mamas no exame físico, seguido de análise histopatológica após remoção cirúrgica. Além disso, hoje, podemos fazer uso da imunoistoquímica como ferramenta auxiliar tanto para diagnóstico como prognóstico das neoplasias mamárias em cadelas e gatas”, afirma a médica-veterinária Juliana Vieira Cirillo, especialista em Oncologia Veterinária.

O principal tratamento de neoplasias mamárias na Medicina Veterinária ainda é o cirúrgico, mas, de acordo com a especialista, a mastectomia – remoção das mamas – parcial ou total com linfadenectomia regional – remoção cirúrgica de um ou mais grupos de linfonodos – é indicada dependendo da localização das neoplasias.

“Nos últimos anos, mastectomias mais conservadoras têm sido consideradas em cadelas, pois estudos mostram que a sobrevida não foi influenciada pela extensão da cirurgia”, explica Juliana, destacando ainda que o papel da castração para prevenção de tumores mamários em cadelas e gatas, antes do 1º ou 2º cio é inequívoco. Por outro lado, estudos avaliando o efeito da castração, juntamente ou pós-mastectomia, na sobrevida do paciente são controversos.

Métodos modernos

Entre os métodos mais modernos de tratamento, a imunoterapia está liderando o caminho no desenvolvimento do tratamento oncológico humano e esta tendência mantém-se também na Oncologia Veterinária. O ponto mais interessante desta terapia, segundo Juliana, é o fato de atacar os alvos específicos em células neoplásicas, preservando as saudáveis e reduzindo de forma significante os efeitos colaterais relacionados à terapia antineoplásica.

“A aplicação da genômica à pesquisa biomédica canina resultou em grande quantidade de dados, nos últimos 15 anos, identificando regiões do genoma e genes associados a neoplasias específicas. Nos EUA, iniciou-se estudo nacional, envolvendo coleta de dados sobre a história e as exposições de cada cão e, em seguida, mapeamento geoespacial dos casos de câncer”, afirma a especialista, destacando que os dados vão identificar preocupações ambientais que podem estar afetando não só os cães, mas nossa própria saúde.

Tratamento paliativo e novos medicamentos

Novas drogas para o tratamento paliativo de pacientes oncológicos também têm sido desenvolvidas. “Podemos citar a capromelina, um novo estimulante de apetite bastante promissor para cães e um analgésico de longa duração para o manejo da dor no pós-cirúrgico. Estas novas modalidades terapêuticas são mais eficazes que as utilizadas atualmente, mas o tratamento do câncer será baseado na combinação de múltiplas terapias”, conclui Juliana.

“Há grupos muito competentes em nosso País que estão desenvolvendo novos tratamentos em laboratório ou realizando ensaios com cães”, afirma a Profa. Dra. Maria Lúcia Zaidan Dagli, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP) e presidente da Associação Brasileira de Oncologia Veterinária (Abrovet), lembrando que a indústria farmacêutica tem grande interesse em testar novos medicamentos em animais com neoplasias, já que estes podem ser modelos para casos em humanos.

Biossegurança

Um dos tópicos mais importantes na Oncologia Veterinária é a biossegurança. Segundo Juliana, mais de 90% das clínicas que oferecem o serviço não possuem a infraestrutura adequada às normas de biossegurança determinadas pela Vigilância Sanitária. “O problema é o risco de contaminação pelas drogas quimioterápicas, não só do médico-veterinário que manipula a droga, mas de todos que compartilham o mesmo ambiente.”

A especialista alerta que a exposição ocupacional a que estão sujeitos profissionais que preparam ou administram antineoplásicos sem o uso de equipamentos de proteção coletiva ou individual, implica na absorção indevida dessas substâncias. Esta exposição pode causar desde efeitos simples, como cefaleia e vertigens, até mais complexos, como carcinogênese, efeitos mutagênicos e teratogênicos.

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