Primeiro painel da 5ª Semana do Médico-veterinário dá início a comemorações da classe

A atuação dos profissionais para o benefício da coletividade foi o tema do primeiro dia do encontro transmitido ao vivo pela internet
Texto: Comunicação CRMV-SP/Foto: Pixabay

Na véspera da data oficial que marca o Dia do Médico-veterinário, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) iniciou a programação de encontros virtuais para debate de temas relacionados a abordagens inovadoras e tendências que apontam a direção da prática profissional.

Com a abertura do presidente do CRMV-SP, Odemilson D. Mossero, a 5ª edição da semana comemorativa contou com a participação das médicas-veterinárias Rita de Cássia Maria Garcia, Patrícia Silvia Pozzetti e Rosângela Gebara que, baseadas em suas experiências profissionais apresentaram diversos aspectos da Medicina Veterinária do Coletivo, especialidade reconhecida neste ano pelo Conselho Federal.

Após reconhecer a importância da participação feminina na Medicina Veterinária que já representa mais de “60% dos profissionais no mercado de trabalho”, o presidente do Conselho ressaltou que a escolha dos temas programados é a “demonstração prática da ampliação do campo de atuação do médico-veterinário e seu papel como agente ativo para a busca de novas soluções para a saúde pública”.

Mossero reforçou, ainda, que o “enfrentamento da pandemia em nível mundial trouxe à tona a oportunidade de inserção do médico-veterinário não apenas como coadjuvante, mas como protagonista no gerenciamento de crises e prevenção, por meio da pesquisa, da atuação em grupos multidisciplinares e da formação humanística desde a formação acadêmica”.

Sobre a importância de eventos como a Semana do Médico-veterinário, que será realizada até a próxima sexta-feira (10), o presidente do CRMV-SP ressaltou que “independente do formato virtual, presencial ou híbrido”, eles são indispensáveis para que o contínuo aprimoramento profissional e maior aproximação com as demandas da atualidade.

Medicina Veterinária do Coletivo em foco

Com atuação de duas décadas no controle de zoonoses e manejo populacional de cães e gatos em órgãos públicos, a médica-veterináriae coordenadora do Instituto de Medicina Veterinária do Coletivo (IMVC), Rita de Cássia Maria Garcia,iniciou sua palestra apresentando uma contextualização histórica da Medicina Veterinária do Coletivo desde os anos 1990, culminando com o reconhecimento da especialidade no início deste ano.

Novas abordagens para problemas antigos, tópico escolhido por Rita vem, segundo ela, “ao encontro dos questionamentos mais comuns sobre a essência da nova especialidade”, indicando necessidade da revisão de conceitos que, em um passado recente, limitava o papel do profissional às “práticas sanitaristas de captura e eliminação de animais”. A palestrante traçou a linha do tempo em direção à humanização do atendimento profissional e seus resultados positivos.

Sentinelas

Segundo a coordenadora do IMVC, esta especialidade tem uma atuação multidisciplinar devido à “inevitável associação das questões de saúde animal ao bem estar das famílias”. A médica-veterinária exemplifica tal interatividade citando a teoria do Elo e ocorrências envolvendo acumulares, cujas características podem revelar casos de violência doméstica e distúrbios psíquicos.

“Esse ciclo de violência pode ser quebrado a partir de uma análise holística feita por profissionais sensíveis à realidade em que as vítimas estão inseridas. Animais maltratados, geralmente, são um sinal de que algo na família não vai bem”, afirmou Rita.

Ações globais com impactos locais

Atuando há cerca de sete anos como coordenadora científica do Departamento de Ciências da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em Paris, a médica-veterinária Patrícia Silvia Pozzetti, explicou que o órgão conta com 182 países membros e tem sua atuação baseada em “pilares que direcionam as estratégias de elaboração das normas, coleta de informações e serviços veterinários sustentáveis a fim de estabelecer a coordenação entre setores de saúde humana e animal”.

Diante do dinamismo da área, Patrícia apontou que é necessária atenção especial para questões ligadas à atuação dos profissionais junto aos agentes governamentais como mensageiros dos inúmeros benefícios do cuidado com os animais para a saúde pública.  Um exemplo é a revisão pela qual passa o Código Sanitário de Animais Terrestres da OIE, em especial em seu capítulo sobre o controle de cães errantes.  “A importância de um marco legal vem sendo debatida entre os países membros”, destacou.

Área exige resiliência e empatia

Encerrando o primeiro dia de palestras, a médica-veterinária e integrante da Comissão de Bem-estar Animal do CRMV-SP, Rosangela Gebara, trouxe à tona aspectos da formação técnica que, aliadas a conhecimento legislativo e às características inerentes à personalidade podem beneficiar a atuação como especialista em Medicina Veterinária do Coletivo, uma prática que, segundo ela, exige desenvoltura, adaptabilidade, resiliência, autogestão e empatia.

Rosangela destacou que tais requisitos facilitam o atendimento “não apenas de animais, mas também do acolhimento de todos que estão envolvidos em cada caso” em meio a um cotidiano de trabalho “sem rotina, com muito desgaste físico e, principalmente, emocional”.

 As formações técnica e humanística foram classificadas como fundamentais para que os médicos-veterinários estejam aptos a interagir com equipes multidisciplinares e famílias classificadas como “multiespécie”, termo que reflete a concretização do conceito de saúde única proposto pelos órgãos de saúde mundiais.

Novo setor de atuação

A integrante da Comissão de Bem-estar Animal do Conselho destaque que uma das portas abertas a atuação da Medicina Veterinária do Coletivo sempre foi o terceiro setor, entretanto, uma alternativa que tem ganhado forma é o setor “2.5”, em que são enquadrados os considerados “negócios sociais”, os quais investem seus lucros para gerar impacto social.

O grande mercado formado pelo terceiro setor e o setor 2.5 gera, segundo Rosangela, cerca de três milhões de empregos entre contratações diretas, com carteiras assinadas, e indiretas, por meio de consultorias prestadas por profissionais autônomos.

A palestrante, no entanto, reforça a gama de possibilidades de atuação dos médicos-veterinários da área junto à sociedade civil e ao poder público, entre as quais estão as equipes dos Núcleos Ampliados de Saúde da Família (Nasf), reforçando o conceito de saúde e bem-estar únicos. “O impacto não é apenas na saúde dos animais, mas também na vida das pessoas e no meio ambiente”, ressaltou.

Assista a íntegra do painel

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