Uso responsável de antibióticos deve ser tema presente na Medicina Veterinária

Levantamento da ONU aponta que cerca de 700 mil pessoas morrem a cada ano devido a doenças resistentes a medicamentos
Texto: Comunicação CRMV-SP
Foto: Pixabay

Nos últimos dias, diversos países realizaram ações com foco na Semana Mundial de Conscientização sobre Antibióticos, promovida anualmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo é alertar quanto ao risco da resistência aos antimicrobianos (RAM), que mata pelo menos 700 mil pessoas por ano, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

O uso responsável desses fármacos é uma necessidade iminente e, nas diferentes frentes da Medicina Veterinária, o assunto deve estar presente de forma constante. O relatório da ONU, divulgado este ano, traz uma amostra da magnitude do desafio a ser enfrentado.

Segundo o levantamento, “as doenças resistentes a medicamentos podem causar 10 milhões de mortes a cada ano até 2050, além de danos à economia tão catastróficos quanto a crise financeira global de 2008 a 2009”. Ainda segundo a pesquisa, até 2030, a resistência antimicrobiana pode levar à extrema pobreza até 24 milhões de pessoas.

Assim como acontece na Medicina Humana, os médicos-veterinários devem se manter vigilantes em relação às práticas com antibióticos. “É a capacitação que dará respaldo ao uso responsável dos medicamentos, além da orientação dos funcionários na conduta correta da venda desses medicamentos”, frisa o médico-veterinário Carlos Augusto Donini, conselheiro do CRMV-SP e presidente da Comissão Técnica de Políticas Públicas do Regional.

Recomendações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) sobre utilização de antimicrobianos no âmbito da Medicina Veterinária:

1- Após exame clínico do(s) animal(is) realizado por um médico-veterinário;

2- Quando necessário, levando em consideração a lista de agentes antimicrobianos de importância veterinária da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE);

3- Em adição e nunca em substituição às boas práticas pecuárias, higiene, biossegurança e programas de vacinação;

4- Fazendo escolha apropriada de agente antimicrobiano baseada em experiência clínica e diagnóstico laboratorial, sempre com informações detalhadas sobre protocolos de tratamento e períodos de carência.

Quanto à escolha do antimicrobiano apropriado, o Mapa recomenda ainda que sejam levados em consideração:

1- Registros de uso prévio de antimicrobianos e histórico epidemiológico da propriedade;

2- Experiência clínica e diagnóstica. Diagnóstico laboratorial, quando disponível (cultura e teste de sensibilidade);

3- Farmacodinâmica (atividade contra patógenos envolvidos);

4- Farmacocinética (distribuição tecidual, eficácia no local da infecção);

5- A lista da OIE de antimicrobianos de importância veterinária ao escolher seu tratamento.

Brasil tem iniciativas interministeriais

No que tange às ações nacionais, a médica-veterinária Adriana Maria Lopes Vieira, presidente da Comissão Técnica de Saúde Pública Veterinária do CRMV-SP, considera que o Brasil está no caminho certo, em especial pela elaboração do Plano Nacional de Prevenção e Controle de Resistência aos Antimicrobianos (PAN-BR), que tem vigência de cinco anos (2018-2022), com avaliações anuais.

“O plano contém cinco objetivos estratégicos, dentre eles reforçar a base de conhecimento e evidência por meio da vigilância e investigação”, aponta Adriana. A ação envolve o Ministério da Saúde e diversos órgãos federais. Há ainda o PAN-BR no âmbito da Agropecuária (PAN-BR AGRO), que também envolve setor privado regulado e as instituições de ensino.

País proíbe uso de substâncias

O Mapa também vem restringindo a autorização de diversos antimicrobianos com finalidade de aditivo melhorador de desempenho. Desde 1998, foram proibidas no Brasil as classes e/ou substâncias antimicrobianas avoparcina, anfenicóis, tetraciclinas, penicilinas, cefalosporinas, quinolonas, sulfonamidas, eritromicina, espiramicina e, mais recentemente, a colistina.

Segundo Donini, as restrições são importantes, mas a indicação da FAO é que abranja outras substâncias. “Como o mercado agro brasileiro é forte e há exigências internacionais para a exportação de produtos de origem animal, a perspectiva é que a indústria passe por adequações nessa direção.”

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