O Zoológico de Guarulhos, na grande São Paulo, foi o primeiro do Brasil a reproduzir a espécie sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita), registrando o nascimento de dez filhotes, de três casais diferentes. O animal, endêmico da Mata Atlântica, apenas nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, corre sérios riscos de extinção.
O trabalho, coordenado pela médica-veterinária Claudia Igayara, que já integrou a Comissão Técnica de Médicos-Veterinários de Animais Selvagens do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), garantiu ao Zoo o posto de coordenador do studbook da espécie.
A partir de agora, Guarulhos gerencia toda a população de sagui-da-serra-escuro em cativeiro no País, em conjunto com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil do Brasil (AZAB) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Aprendizado
Em 2009 a equipe do Zoo de Guarulhos passou a integrar um grupo multi-institucional para a conservação do sagui-da-serra-escuro. O parque recebeu os primeiros animais apreendidos em cativeiros ilegais, o que possibilitou a formação do primeiro casal.
Após anos de dedicação e aprendizado sobre a espécie, delicada e de difícil criação, veio o resultado tão esperado. “Esta é uma ação concreta de conservação de espécies ameaçadas desenvolvida pelo Zoo de Guarulhos, reconhecida nacional e internacionalmente, mostrando que é possível fazer a diferença com dedicação e trabalho técnico”, enfatiza Claudia.
Risco de extinção
No momento, o recinto do saguis-da-serra escuro no Zoológico de Guarulhos está em reforma, mas em breve os animais estarão de volta à exposição. No total, são 12 indivíduos, entre machos e fêmeas.
A espécie está em risco de extinção, principalmente, pela destruição de seu habitat e pela hibridação (mistura) com outras espécies de saguis, introduzidas pelo homem em sua área de ocorrência. Sem uma população de segurança bem manejada em cativeiro e trabalhos integrados dentro e fora do local de origem, há poucas chances de que sobreviva.