O controle de qualidade começa no campo, passa pelas boas práticas de manejo sanitário, tratamento, prevenção de doenças e uso de defensivos, e continua no transporte, que deve priorizar o bem-estar dos animais.
De acordo com o médico-veterinário Ricardo Moreira Calil, doutor em Saúde Pública, fiscal federal agropecuário do Mapa e presidente da Comissão Técnica de Alimentos (CTA) do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), o sucesso do profissional da inspeção depende do bom desempenho do médico-veterinário do setor do campo. Afinal é o médico-veterinário que busca prevenir doenças por meio de medidas sanitárias de biosseguridade que garantam a manutenção da saúde do rebanho.
Ao chegar ao frigorífico, todo o procedimento passa a ser acompanhado por dois serviços de controle, um da própria empresa, executado por médicos-veterinários da equipe, e outro por um inspetor oficial.
Os inspetores são responsáveis por conferir a documentação sanitária, verificar as condições das instalações e equipamentos envolvidos e fazer a avaliação ante mortem a fim de identificar animais doentes. “Uma vez em conformidade com os padrões técnicos legais, o médico-veterinário acompanha e realiza as atividades de inspeção para garantir um alimento seguro”, explica Calil.
Fiscalização
– estabelecimentos que vendem produtos para outros países são fiscalizados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF);
– os que comercializam o produto em âmbito estadual contam com o Serviço de Inspeção Estadual (SISP);
– os que processam carne para o mercado local, com o Serviço de Inspeção Municipal (SIM).
Boas práticas
Alguns problemas que afetam a saúde do consumidor só podem ser controlados na produção primária. No uso de medicamentos, o médico-veterinário deve redobrar a atenção quanto à quantidade do princípio ativo, via de administração, espécie e fase de desenvolvimento para qual o produto é aprovado e o tempo de carência no animal. Se a medicação entrar na cadeia produtiva, haverá resíduos nos ovos, pescados, leite ou mel no momento do consumo.
“Não há métodos posteriores que garantam a eliminação ou redução da droga em níveis aceitáveis. A garantia de que o alimento está apto para consumo depende da responsabilidade do médico-veterinário aplicar preceitos de boas práticas agropecuárias”, afirma Evelise Oliveira Telles, médica´-veterinária e doutora em Epidemiologia Experimental e Aplicada à Zoonoses.
Atuação estratégica
Em São Paulo, que se prepara para a retirada da vacinação de bovinos e bubalinos contra a febre aftosa, prevista para acontecer após a imunização, em maio de 2021, o médico-veterinário tem missão ainda mais determinante para a conquista do reconhecimento do Estado como livre da doença sem vacina.
“É imprescindível, além de incrementar as atividades que envolvem a vigilância para essa enfermidade, manter aquelas que vêm sendo realizadas satisfatoriamente, tendo em vista que alcançamos índices de vacinação maiores que 90% há mais de 15 anos”, afirma Adriano Macedo Debiazzi, gerente do Programa Estadual de Erradicação da Febre Aftosa.
Fundamental
O médico-veterinário é peça-chave nas ações em âmbito municipal, estadual e nacional, com o envolvimento do Serviço Veterinário Oficial (SVO) e os setores público e privado, necessárias para que a suspensão gradual da vacinação ocorra, conforme previsto pelo Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA).
De acordo com a equipe técnica da Coordenadoria de Defesa Agropecuária da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (CDA/SAA-SP), com a perspectiva da retirada da vacina, a vigilância veterinária para doenças vesiculares passa a ter um papel ainda mais relevante para a detecção precoce em caso de reingresso da doença em São Paulo, uma vez que a enfermidade é altamente contagiosa, podendo acometer rapidamente criações inteiras de bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos.