Animais sinantrópicos: médico-veterinário é profissional essencial para controle de pragas

Minimizar riscos à saúde humana é objetivo de quem atua na área
Texto: Comunicação CRMV-SP
Imagem mostra equipe fazendo limpeza e dedetização. São dois homens, eles usam EPIs como luva, máscara e roupa de proteção.
Foto: Freepik

O médico-veterinário pode atuar no manejo da fauna sinantrópica, com o controle integrado de vetores, roedores e pragas em geral. Apesar de haver bastante desconhecimento em relação à área, o setor é promissor. Reduzir riscos à saúde pública é o objetivo dos profissionais que atuam na área.

Os animais sinantrópicos são os que se acostumaram a viver junto com seres humanos mesmo contra a vontade destes. Alguns podem transmitir doenças ou agravos à saúde humana. Entre os principais estão: aranhas, baratas, barbeiro, carrapatos, escorpiões, formigas, lacraias, morcegos, moscas, mosquitos, pombos, ratos, pulgas, taturanas e vespas, entre outros. Eles habitam os mais diversos lugares: o ambiente humano e o animal; a área rural e a urbana.

O médico-veterinário tem papel importante, por exemplo, no controle de morcegos – principalmente em áreas urbanas, onde eles habitam forros e telhados – considerando que esses mamíferos são protegidos por leis ambientais e não podem ser abatidos.

“Também temos como animais sinantrópicos os pombos, que infestam os ambientes urbanos, causando grandes prejuízos à saúde pública. Neste caso, existe a possibilidade, dentro das regras ambientais, de fazer a captura e eutanásia desses animais, sendo que somente o médico-veterinário é que está habilitado para realizar o procedimento”, declara José Antonio Guizzo, médico-veterinário representante da Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas (APRAG).

É preciso conhecer os hábitos e ciclo de vida do animal que traz o problema ao ser humano, para manejá-lo. Também é necessário saber quais técnicas podem ser usadas, já que alguns métodos podem ser considerados como maus-tratos. “Nessa atividade, o médico-veterinário não cuida das pragas; cuida das pessoas e elimina o risco causado pelas pragas”, afirma João Almeida Neto, ex-presidente do CRMV-MS e proprietário e responsável técnico (RT) da empresa DDSul.

Setor Privado
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Além de auxiliar no controle de pragas e vetores como clínico, por exemplo, ao realizar ações preventivas em estabelecimentos ou ao prescrever medidas para pulgas e carrapatos em animais, o médico-veterinário pode atuar como responsável técnico (RT) em empresas que prestam serviços de combate às pragas.

No papel de RT, o médico-veterinário normalmente vai acompanhando a equipe e treinando para o serviço a ser executado. Esse trabalho é muito requisitado nos mais diferentes tipos de ambientes públicos e privados, como hospitais, supermercados, entre muitos outros.

“Esse é um serviço essencial que, inclusive, era um dos poucos autorizados na pandemia”, afirma Neto. “É inadmissível um rato, até mesmo uma formiga num hospital. Por isso, é um trabalho muito necessário e procurado.”

Setor Público
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No setor público, o médico-veterinário pode atuar na vigilância sanitária, epidemiológica e ambiental, em órgãos como a Vigilância Sanitária e o Centro de Controle de Zoonoses. “Nesses locais há vários médicos-veterinários concursados”, relata Neto.

A identificação do risco é a principal frente de atuação. “O médico-veterinário possui conhecimento sobre biologia, comportamento e ciclo das espécies, como insetos, roedores e mesmo mamíferos de grande porte, que têm algum tipo de impacto nas zoonoses. Também é o profissional que tem conhecimento sobre o controle dessas espécies”, explica José Antonio Cardoso, coordenador do Controle de Sinantrópicos e Apoio Técnico do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Prefeitura de Taubaté.

Normalmente, as equipes de vigilância epidemiológica e sanitária são multiprofissionais e atuam em conjunto com outras áreas como engenharia, obras, serviços públicos, entre outras. Então, há uma integração entre os setores. “O trabalho realizado na área de educação também é muito importante”, destaca Cardoso.

Desconhecimento

Apesar de ser um setor que vem crescendo bastante nos últimos anos, há ainda grande desconhecimento por parte da população. “Diversas prefeituras atualmente tem médicos-veterinários trabalhando na área de zoonoses e controle de pragas”, relata Cardoso.

“Quando comento que sou médico-veterinário da prefeitura, é comum me perguntarem onde atendo, como podem fazer consulta com cachorro. Claro que existem profissionais que atuam nessas áreas em prefeituras, mas em relação a nosso trabalho com controle de pragas e vigilância de zoonoses, ainda há muito desconhecimento”, comenta o coordenador do Controle de Sinantrópicos e Apoio Técnico do CCZ de Taubaté.

Além da população em geral, Cardoso também acredita que mesmo médicos-veterinários muitas vezes não consideram essa possibilidade de atuação. “Tanto no setor público quanto no privado, é um setor de alta demanda e relevância para todos”, relembra.

Papel na saúde pública
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Fica claro que o papel do médico-veterinário na saúde pública é indiscutível, com seu conhecimento, avaliação do risco, do comportamento de certas espécies que transmitem doenças, sem o qual pode haver grande transtorno para as pessoas. Também é fundamental o conhecimento de espécies que não podem ser eliminadas e nem sofrer maus-tratos.

“Eu me sinto muito à vontade em trabalhar com equipes multiprofissionais que têm médico, psicólogo, assistente social, diferentes tipos de engenheiros, porque a gente acaba passando para eles a visão do médico-veterinário, colocando algumas consequências de certas ações por parte do poder público. Então, na saúde pública, acredito que o médico-veterinário será sempre fundamental”, comenta Cardoso.

Formação

Para atuar como RT de empresas do ramo, é preciso ter formação superior, entre os cursos possíveis está o de Medicina Veterinária. Tanto o médico-veterinário quanto a empresa que conte com este profissional como responsável técnico precisam de inscrição no CRMV-SP.

Há diversos cursos disponíveis no mercado para a atuação no setor privado. Instituições como a Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas (APRAG) oferecem formações voltadas ao setor. O “Curso de formação de controlador técnico no controle de vetores e pragas urbanas” é realizado de forma presencial, por 3 dias, e depois há atualização técnica uma vez por mês, de forma on-line.

No setor público, além de formação superior e inscrição no órgão de classe correspondente, normalmente a entrada se dá por meio de concurso. Para Cardoso, é importante também algum aprimoramento em relacionamento interpessoal. “Pode ser essencial para se comunicar bem e convencer o público em geral e o munícipe em particular a fazer o que você recomenda”, descreve.

Atualização

O profissional deve estar em constante atualização em relação a legislações e regulamentações sanitárias e ambientais nos níveis federal, estadual e municipal.

 “As legislações são muito dinâmicas. Há problemas e desafios aparecendo toda hora. É preciso estar atualizado sobre questões ambientais que causam impacto no crescimento dessas populações de sinantrópicos”, destaca o coordenador do Controle de Sinantrópicos e Apoio Técnico do CCZ de Taubaté.

As secretarias de saúde, de meio ambiente e também de agricultura têm muitas ações de incentivo ao aprimoramento, com informes técnicos, cursos, treinamentos.

“É muito importante a leitura de documentos técnicos e manuais que são emitidos pelos vários institutos. Há também ótimos materiais técnicos produzidos por empresas do ramo”, relata Cardoso.

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