Maior exportador de frango e de carne bovina do mundo, o Brasil está buscando se adequar aos padrões internacionais, recomendados pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), para eliminação gradativa do uso de antibióticos na Pecuária.
“Nossos estudos visam alavancar resultados que auxiliem fomentar uma regulamentação, contemplando todas as variáveis: saúde humana, saúde animal, meio ambiente, e considerando a questão produtiva”, afirma a Prof. Dra. Gislaine Fongaro, da Subcomissão de Resíduos de Propriedades Rurais junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Pesquisadora na área de microbiologia e virologia ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina, Gislaine ressalta que, em 2016, o Brasil proibiu o uso do antibiótico Colistina (Poliximina E) na criação de animais para abate, seguindo recomendação da OMS e, mais recentemente lançou o Programa Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos.
“O Programa propõe ações efetivas como a promoção e estímulo ao uso consciente de antibióticos, intensificação da higienização e tratamento de dejetos animais nos setores produtivos para reduzir probabilidade de infecções e assim, reduzir o uso de antibióticos, incentivo à produção sustentável e valoração da Pecuária no setor econômico”, enfatiza a pesquisadora.
Combate às superbactérias
Atuando como pesquisadora, Gislaine foi financiada, recentemente, na chamada Novas Abordagens para Caracterizar a Prevalência de Resistência aos Antimicrobianos do programa Grand Challenges Explorations, promovido pela Fundação Bill & Melinda Gates, em parceria com o Ministério de Saúde e a CONFAP.
O estudo, coordenado pela Prof. Dra. Thaís Cristine Marques Sincero (CCS/UFSC) e pelo Prof. Dr. Carlos Zarate-Blades (MIP/CCB), tem como objetivo avaliar a dinâmica da circulação de micro-organismos resistentes a antibióticos entre ambientes hospitalares e na produção animal.
Ao todo, foram contemplados 11 projetos de pesquisadores brasileiros no sentido de fortalecer a resposta brasileira ao que está sendo considerado o maior desafio da ciência deste século: o combate ao surgimento das superbactérias.