CRMV-SP discutirá influenza aviária de alta patogenicidade

Evento on-line terá o objetivo de alertar médicos-veterinários e zootecnistas que trabalham com clínica e manejo de animais silvestres
Texto: Comunicação CRMV-SP / Foto: AdobeStock

No próximo dia 18/08, será realizado, pela Comissão Técnica de Uma Só Saúde, do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), o “Webinar: Influenza Aviária de Alta Patogenicidade – A importância na Clínica de Animais Silvestres”.

O evento on-line, voltado a médicos-veterinários e zootecnistas, servirá de alerta aos profissionais que trabalham com clínica e manejo de animais silvestres sobre a ocorrência de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), em São Paulo, estado com o maior número de casos da doença em aves silvestres e de subsistência, embora nenhum registro tenha sido feito envolvendo aves comerciais.

Segundo a médica-veterinária, professora associada do Laboratório de Medicina Veterinária Preventiva Aplicada, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (Fzea-USP), e integrante da Comissão Técnica de Uma Só Saúde do CRMV-SP, Helena Lage Ferreira, desde a primeira identificação do vírus no Brasil, em 2023, foram registrados 53 focos; em 2024, um; e, até julho deste ano, oito, sendo que, pela primeira vez, houve casos em aves de subsistência.

“Mas o que mais chama a atenção é que os casos estão sendo identificados no interior do Estado em áreas próximas a coleções de água, que atraem as aves silvestres, enquanto, em 2023, ficaram restritos ao litoral. Por isso, os profissionais precisam estar alertas para identificar casos suspeitos também em animais, aves e mamíferos, tanto domésticos quanto silvestres”, ressalta Helena.

Chefe do Departamento de Educação e Uma Só Saúde na Defesa Agropecuária do estado de São Paulo e integrante da Comissão Técnica de Uma Só Saúde do CRMV-SP, a médica-veterinária Maria Carolina Guido destaca, ainda, que foram diagnosticadas com a doença cinco aves silvestres nos municípios de São Paulo, Barueri, Diadema, Jaboticabal e Sorocaba e já ocorreram dois casos em aves de subsistência em Monte Azul Paulista e São Paulo.

Por isso, a programação do evento promovido pelo CRMV-SP conta com palestras sobre o panorama atual de disseminação da doença nos últimos meses, os riscos de infecção de aves comerciais e pessoas, a forma de notificação de suspeita, e qual o papel de médicos-veterinários e zootecnistas nesse cenário.

Risco de disseminação da IAAP

Para Maria Carolina, a dispersão do vírus no interior do Estado, certamente, aumenta o risco de ocorrência da doença em estabelecimentos comerciais, por isso, é preciso redobrar a atenção para medidas de biosseguridade e de detecção precoce da doença.

“Com relação ao ser humano, não tivemos casos confirmados no Estado. O risco maior de transmissão é para pessoas que manipulam as aves doentes, essa é uma das nossas preocupações, já que os médicos-veterinários clínicos podem ser demandados a atender aves com sinais clínicos neurológicos e respiratórios, podendo ser expostos à infecção. Mas até o momento, pela característica de dispersão viral, não está sendo considerado o risco de pandemia”, salienta a integrante da Comissão Técnica de Uma Só Saúde.

A professora do Laboratório de Medicina Veterinária Preventiva Aplicada da Fzea-USP, no entanto, reforça que existe uma panzootia causada pelo vírus da influenza aviária, isto é, vários animais (domésticos e silvestres) de diferentes espécies em todo o mundo estão sendo infectados.

“A doença causa sérios prejuízos econômicos quando afeta aves comerciais e o Estado de São Paulo possui uma grande produção de material genético avícola e de ovos comerciais. O vírus vem sendo disperso pelos diferentes continentes pelas aves silvestres aquáticas e mais de 500 espécies de aves podem ser infectadas pelo vírus e apresentar a IAAP com diferentes manifestações. Desta forma, é importante manter as aves silvestres afastadas das criações e evitar o contato com estes animais, especialmente aqueles com sinais clínicos”, alerta Helena.

Sinais clínicos

Os sinais clínicos causados pelo vírus da IAAP podem variar de acordo com a espécie e idade da ave, quantidade e tipo de vírus. Algumas espécies de aves são mais resistentes à infecção, podem não apresentar sinais clínicos e eliminar o vírus, enquanto outras espécies são mais sensíveis.

Neste último caso, afirma Helena, podem ser observados sinais clínicos desde alterações dos índices zootécnicos em aves domésticas e sinais clínicos leves a graves em trato respiratório, digestório, reprodutor e até mesmo nervoso. “Entre os sinais clínicos leves, podemos observar conjuntivite, coriza, diarreia, e, em casos mais graves, dispneia, queda de postura, torcicolo, opistótono, incoordenação, tremor de cabeça. Em alguns casos agudos os animais podem não apresentar quaisquer sinais clínicos com altas taxas de mortalidade. As taxas de mortalidade podem variar entre 0 e até 100%, de acordo com a espécie, tipo de criação, idade das aves e carga viral.”

Maria Carolina reitera que a transmissão pode ocorrer por contato direto entre as aves (secreções nasais, oculares e fezes de aves infectadas) ou por contato indireto (água, alimentos, fômites, trânsito de pessoas, equipamentos, materiais, veículos, vestuários, produtos, insetos, roedores e outras pragas, cama, esterco e carcaças contaminadas).

Fundamentais na identificação da doença

Neste cenário e dentro do conceito de Uma Só Saúde, o papel do médico-veterinário clínico na identificação e notificação dos casos suspeitos é fundamental.

“Precisamos informar os médicos veterinários sobre estas diferentes manifestações e instruí-los como identificar e o que fazer quando encontrarem um animal suspeito de infecção pelo vírus. Esta rápida identificação de casos é importante para controlar o foco da doença e impedir que o vírus se dissemine para outros locais ou criações comerciais. Além disso, o vírus pode infectar as pessoas e os profissionais precisam se informar sobre como se prevenir de uma infecção também”, alerta Helena.

Para Maria Carolina, a visão de Uma Só Saúde está diretamente relacionada com a integração entre aves silvestres, aves de subsistência e humanos, podendo levar a introdução do agente nas granjas comerciais, o que promoveria um impacto econômico e comercial de grandes vultos.

“É de extrema importância que o médico-veterinário saiba identificar a suspeita de IAAP e faça a notificação o mais breve possível para que a equipe da Defesa Agropecuária realize as medidas necessárias para confirmação e contenção de eventual foco, evitando, assim, a dispersão do vírus e o acometimento de outras aves silvestres e o contato delas com os estabelecimentos comerciais, de forma a diminuir o risco de transmissão para humanos”, conclui a chefe do Departamento de Educação e Uma Só Saúde da Defesa Agropecuária do estado de São Paulo.

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