Estado de São Paulo registra mais de dois mil casos de dengue em janeiro

Autoridades em saúde alertam para períodos chuvosos e quentes que favorecem proliferação do vetor da doença
Texto: Comunicação CRMV-SP / Foto: Pixabay

Depois de um aumento de 260% na comparação entre 2020 e o ano passado, o número de casos de dengue em São Paulo deve subir consideravelmente mais uma vez em 2022. Segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde, embora a previsão de pico seja entre março e abril, já foram registrados mais de dois mil casos e uma morte apenas no mês de janeiro.  

Profissionais das Comissões Técnicas do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) avaliaram a situação epidêmica do Aedes aegypti e apontaram razões pelas quais a capital paulista e cidades do interior devem redobrar sua atenção com o mosquito nos próximos meses. O quadro, segundo eles, foi agravado pela incidência de alto volume de chuva registrado no final do ano passado e primeiros dias de 2022.

Para o médico-veterinário Mário Ramos de Paula e Silva, membro da Comissão Técnica de Saúde Pública do CRMV-SP, “a preocupação é concreta, especialmente com os casos de chikungunya na baixada santista que, entre 2020 e 2021, registrou aumento de 380% nas notificações e a dengue com casos positivos crescentes em todo Estado de São Paulo”.

Ramos atuou como secretário de Saúde de Bauru (SP), foi membro da diretoria do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo e diretor do Departamento de Saúde Coletiva em Bauru e hoje, integrando equipes de vigilância ambiental e zoonoses, alerta para a previsão de surtos na proliferação das arboviroses como dengue, chikungunya e zika.

“Além dos fatores climáticos que favorecem o aumento de criadouros é preciso lembrar que a Covid-19 comprometeu a atuação dos agentes de saúde que têm mais dificuldade de entrar nas residências. Outra questão relevante é a subnotificação devido à confusão entre sintomas, o que colabora para o aumento no nível de transmissão, consideravelmente”, afirma Ramos.  

Saúde Ambiental

A presidente da Comissão Técnica de Saúde Ambiental do CRMV-SP, Elma Polegato, reforça que a proliferação do mosquito Aedes aegypti está relacionada à escassez de políticas públicas de infraestrutura urbana como saneamento e destinação correta de resíduos. 

“Um dos grandes problemas atuais nos ecossistemas urbanos está relacionado à geração e à disposição inadequada dos resíduos sólidos que geram impactos sobre o meio ambiente e a saúde coletiva. Com o aumento da produção de lixo, o manejo incorreto favorece a rápida proliferação dos criadouros e, consequentemente, do mosquito Aedes aegypti, fazendo com que as doenças transmitidas por esse vetor comprometam a saúde pública”, ressalta Elma.

A médica-veterinária alerta, ainda, para a questão dos “resíduos depositados em fundos de vales, terrenos baldios e nas próprias residências da população, visto que se tornam potenciais criadouros para o Aedes aegypti, principalmente após períodos de chuva e acúmulo de água parada.” Tais fatores, diz Elma, “comprometem a qualidade de vida nos centros urbanos cuja garantia está em iniciativas como controle do adensamento populacional, Plano Nacional de Saneamento Básico, Plano Nacional de Resíduos Sólidos e o fim das condições precárias de moradia”.

Saúde Única na Medicina Veterinária

Mestre em Vigilância Sanitária, a presidente da Comissão de Saúde Ambiental do CRMV-SP reforça que o médico-veterinário está preparado para desempenhar um papel fundamental na saúde pública desde a gestão e o planejamento até as vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental de acordo com suas habilidades e competências. “Os médicos-veterinários estão aptos a compreender elos entre a saúde humana, animal e ambiental.”

Elma afirma que, na prática, especialmente sobre combate ao Aedes aegypti, algumas das ações do médico-veterinário para cumprimento do Programa de Controle da Dengue e outras arboviroses deve envolver a educação ambiental, a orientação e a mobilização social aliadas à inspeção e fiscalização em estabelecimentos de interesse a saúde como indústrias, comércio de alimentos, manejo da fauna sinantrópica e controle de vetores.

Para Mário Ramos, o médico-veterinário está qualificado para atuação multidisciplinar de planejamento, diagnóstico, controle de vetores e arboviroses urbanas. “Os profissionais da Medicina Veterinária também já ocupam cargos de gestão de sistema de saúde, colaborando com a excelência do atendimento, garantindo a eficácia das campanhas de orientação e a prática da Saúde Única”, finaliza.

Sintomas

Dengue não grave sem sinal de alarme: presença de sintomas comuns como enjoo, febre, vermelhidão no corpo, vômito, dores de cabeça, nos músculos, articulações e ao redor dos olhos.

Dengue não grave com sinais de alarme: é a fase após a febre cessar para dar início a um ou mais sintomas considerados de alarme, como vômitos persistentes, sangramentos, acúmulo de líquidos nas cavidades do corpo, a exemplo do pulmão e coração, tonturas, aumento do fígado e da concentração do sangue.

Dengue grave: Presença de uma ou mais manifestações, pode apresentar choque (palidez e prostração, sudorese e queda da pressão arterial), dificuldade para respirar em decorrência do extravasamento plasmático (saída de líquido dos vasos sanguíneos), comprometimento grave dos órgãos, como rins, fígado, cérebro e coração, sangramentos importantes, entre outros.

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