Lidar com a morte de pets e o luto das famílias requer autocuidado dos profissionais

Dar a notícia ao tutor exige transparência e solidariedade por parte do médico-veterinário
Texto: Comunicação CRMV-SP
Foto: Pixabay

Na atuação dos médicos-veterinários da área clínica, o óbito de um paciente gera impactos emocionais que, muitas vezes, levam a conflitos e sentimentos de frustração. Um agravante neste contexto é a lida com o luto dos tutores dos animais tidos como membros familiares.

Para os profissionais, zelar pela saúde emocional em situações de perda é imprescindível. Entre as medidas aliadas para esse autocuidado estão: atribuir novo significado à morte e criar fluxos humanizados na rotina de trabalho.

É o que recomenda a psicóloga Joelma Ruiz, especializada no atendimento de médicos-veterinários com foco no gerenciamento do luto. “O profissional da Medicina Veterinária é treinado para salvar vidas, mas a formação não os prepara para lidar com a perda.”

Joelma argumenta que os médicos-veterinários entram e saem de histórias dramáticas muito rapidamente – especialmente quando atendem em urgência e emergência –, o que não permite que um intervalo para processar as informações no campo emocional. “Ninguém é super-herói. É natural que os profissionais sintam a perda de um paciente. O luto não é só do tutor do animal.”

Ressignifique a morte

A orientação de Joelma é de que os profissionais busquem atribuir novo significado à morte, no qual o óbito não seja sinônimo de perda ou fracasso. Esse foi o caminho escolhido pela médica-veterinária Maria Cristina Santos Reiter Timponi, presidente da Comissão Técnica de Entidades Veterinárias Regionais do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).

Maria Cristina diz que trata a morte de pacientes como parte do ciclo natural da vida, apoiando-se em valores e crenças pessoais. “Não significa que não sinto a perda, até porque, há pacientes que recebo ainda filhote e acompanho até a velhice. Não é fácil vê-los morrer, mas é o natural, o biológico. Nós, médicos-veterinários, fazemos nossa parte nesse processo.”

Crie um fluxo para o conforto

No aspecto prático, a psicóloga ressalta a importância de um momento de concentração dos profissionais diante da constatação de um óbito. É importante dar a notícia ao cliente em ambiente adequado, evitando locais de circulação de pessoas. Nunca por telefone, o que torna a comunicação fria e indiferente à dor que o tutor está sentindo. O momento exige transparência e solidariedade.

Mesmo com a abordagem humanizada, a perda de um animal de estimação é um grande abalo. Para se proteger do desequilíbrio emocional, segundo Joelma, cabe ao profissional lembrar que a relação das pessoas com seus pets se assemelha a de pais e filhos, por isso, as reações podem ser impactantes. “Não é sobre a qualidade do trabalho do médico-veterinário, mas sobre a dor do luto. Ninguém está preparado para perder aquele que é considerado filho.”

Zele por sua saúde mental e emocional

Se não houver o autocuidado, ao longo do tempo, os profissionais não terão o que oferecer a pets e tutores.“90% de nossos pacientes são médicos-veterinários com quadros de esgotamento emocional”, afirma Joelma, ressaltando que não raro são diagnosticados quadros de depressão, fadiga por compaixão, burnout, problemas que podem levar ao suicídio, se não tratados corretamente.

A psicóloga enfatiza que deve haver a busca por terapias que ajudem no direcionamento da rotina de trabalho com foco na redução de impactos emocionais. “Haverá momentos em que a pessoa não terá discernimento para pedir ajuda, por isso, os gestores devem estar atentos aos sintomas de alerta: irritabilidade, desânimo, falta de compaixão com os outros, taquicardia, angústia, insônia e baixa autoestima”, conclui.

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