Salmonella tem resistência a diferentes classes de antibióticos

Estudo mostra um retrato da epidemiologia de salmonelose no Brasil nos últimos 30 anos
Texto: Agência Fapesp (adaptado pela Comunicação CRMV-SP)
Foto: Adobe Stock

O Ministério da Saúde registrou, entre 2000 e 2015, em todo o Brasil, 11.524 surtos de doenças transmitidas por alimentos, contabilizando 219.909 doentes e 167 óbitos. As bactérias são o principal agente causador dos surtos de infecções alimentares, diarreia e gastroenterites.

As bactérias mais frequentes são as do gênero Salmonella, com 31,7 mil casos diagnosticados (14,4% do total), seguidas por Staphylococcus aureus (7,4%) e Escherichia coli (6,1%).

Outro levantamento, feito pelo Ministério do Desenvolvimento Social, dá conta de que 42,5% dos surtos alimentares confirmados laboratorialmente no Brasil, de 1999 a 2009, tiveram como agente etiológico bactérias do gênero Salmonella.

Na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da Universidade de São Paulo, um grupo, liderado pela professora Juliana Pfrimer Falcão, se dedica à investigação genômica das principais bactérias envolvidas nas doenças diarreicas agudas.

Retrato da epidemiologia

Em trabalho publicado na revista Plos One, as biomédicas Amanda Aparecida Seribelli e Fernanda Almeida, do grupo de Juliana Pfrimer Falcão, sequenciaram e investigaram o genoma de 90 amostras (ou cepas) de uma sorovariedade específica da Salmonella enterica, chamada Salmonella Typhimurium (abreviação de Salmonella enterica subespécie 1 serotipo Typhimurium).

As 90 amostras foram isoladas, entre 1983 e 2013, no Instituto Adolfo Lutz, de Ribeirão Preto e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro. Elas fornecem um retrato da epidemiologia de salmonelose no Brasil nos últimos 30 anos, pois são provenientes de todas as regiões do País, tendo sido coletadas em pacientes acometidos por infecções alimentares, ou em alimentos contaminados, como carne aviária e carne suína, embutidos, vegetais, entre outros.

Resistentes

Ao testar a ação dos antibióticos em cada uma das 90 cepas, descobriu-se que a grande maioria delas se mostrou resistente a diferentes classes de antibióticos que fazem parte do arsenal da medicina. O estudo também resultou na identificação de 39 genes responsáveis pela resistência aos antibióticos.

Participam do trabalho pesquisadores da Fiocruz, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do Instituto Adolfo Lutz. O sequenciamento das 90 cepas de Salmonella Typhimurium foi realizado no Food and Drug Administration (FDA), agência federal norte-americana responsável pela fiscalização da qualidade de alimentos e medicamentos, durante doutorado sanduíche de Fernanda.

Risco de contaminação

Para Fernanda, o principal resultado do trabalho foi descobrir a grande quantidade de genes de resistência a antimicrobianos encontrados nas amostras, considerando que são amostras isoladas de humanos e alimentos. “Constata-se que existe hoje no Brasil um risco muito grande de contaminação a partir dos alimentos com linhagens de Salmonella resistentes a antimicrobianos”, alerta.

A análise comparativa do genoma, do transcriptoma e da caracterização fenotípica de linhagens de Salmonella Typhimurium isoladas de humanos e alimentos no Brasil teve apoio da Fapesp, do FDA e da Capes.

Relacionadas

cattle-930824_1280
A foto mostra a mesa de abertura do evento, com as autoridades sentadas, incluindo o presidente do CRMV-SP, Odemilson Donizete Mossero.
A foto mostra um cão branco. Ele está no chão, de frente. Ao fundo, há vegetação verde, desfocada.
Na imagem há três pessoas, entre elas apenas uma mulher. Eles posam ao lado de um painel da 17ª Conferência Nacional de Saúde, com os dizeres

Mais Lidas

Diagnóstico por imagem é uma das especialidades reconhecidas pelo CFMV
Crédito: Acervo CRMV-SP
Notebook com a tela inicial da Solução Integrada de Gestão do CRMV-SP (SIG CRMV-SP)
Responsável técnico é a figura central que responde ética, legal e tecnicamente pelos atos profissionais da empresa
Crédito: Freepik
Em São Paulo, a primeira instituição destinada ao ensino da Veterinária teve origem no Instituto de Veterinária, nas dependências do Instituto Butantan, no ano de 1919 Crédito da foto: Acervo Histórico/FMVZ-USP

Contato

(11) 5908 4799

Sede CRMV-SP 

Endereço: Rua Apeninos, 1.088 – Paraíso – CEP: 04104-021
Cidade: São Paulo

Newsletter

Todos os direitos reservados ao Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo – CNPJ: 50.052.885/0001-40