CRMV-SP visita CEUA e Biotério Central da Faculdade de Medicina da USP

Ação tem o intuito de aproximar o Regional das instituições para divulgar a rotina das várias áreas de atuação da Medicina Veterinária
Texto e fotos: Comunicação CRMV-SP

O presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Odemilson Donizete Mossero, ao lado da tesoureira Rosemary Viola Bosch, representante do Conselho na CEUA/FMUSP, visitou, em 09/11, a Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) e o Biotério Central da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

“Foi minha primeira visita a uma CEUA, fiquei encantado com o que vi, dado o profissionalismo existente nas análises dos projetos de pesquisa que obrigatoriamente passam por essa Comissão para aprovação prévia com relação ao uso, com o devido respeito ao bem-estar desses animais. Vi uma ação multiprofissional, Medicina Veterinária, Medicina Humana, Biologia, Química, Fisioterapia, e esses profissionais de forma muito séria analisando os projetos e focando como decisão final no animal em si que vai ser o balizador dessa pesquisa, cujo resultado trará benefício à saúde humana”, enfatiza Mossero.

O presidente do CRMV-SP ressalta que a análise das condições de vida do animal é muito importante e o médico-veterinário é decisivo nessa ação, e que na CEUA/FMUSP além do coordenador, vários outros membros são médicos-veterinários, como a tesoureira do CRMV-SP, Rosemary Viola Bosch, que analisam com muito carinho, principalmente, a dosagem dos medicamentos e dos anestésicos, a fim de garantir a segurança de que o animal não irá sentir dor ou qualquer desconforto maior.

“Como eu trabalhei a minha vida toda no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com Defesa Sanitária Animal, de uma forma muito especial com biossegurança na área de quarentena animal, vi na CEUA um paralelo muito próximo dessa ação de cuidados, higiene, sanidade e proteção animal e humana”, disse o presidente.

Os membros da diretoria do Conselho foram recebidos pelo diretor administrativo do Biotério Central da FMUSP, Carlos Eduardo de Lemos, que mostrou as instalações e laboratórios, e pelo coordenador da CEUA, o médico-veterinário Eduardo Pompeu.

A ideia da visita é conhecer e disseminar a informação sobre o funcionamento do biotério e a atuação da CEUA. “A primeira coisa a se destacar é que toda a instituição que faz pesquisa tem de ter uma CEUA legalmente constituída, tanto o biotério quanto a Comissão devem ser cadastrados no Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Consea). Inclusive, é obrigado a ter um médico-veterinário dentro da CEUA e temos que obedecer e valorizar essa legislação de experimentação animal”, explica Pompeu.

Aproximação

O coordenador da CEUA-FMUSP vê com satisfação essa aproximação, primeiro como uma oportunidade dos médicos-veterinários conhecerem melhor mais uma área de atuação importante dentro da profissão. “As maiores instituições de ensino e pesquisa no Brasil, que usam animais como modelo para treinamento ou pesquisa, precisam instituir uma CEUA e precisam ter médico-veterinário. Por sua vez, os médicos-veterinários devem estar capacitados para isso, então, a aproximação com o Conselho é porque precisamos do apoio de nossa entidade de classe até para sugerir que as instituições ou as faculdades veterinárias formem profissionais que tenham consciência da importância da pesquisa com o uso de animais”, enfatizou.

Pompeu disse, ainda, que é preciso mais qualificação nos modelos experimentais, que normalmente são roedores, mas, muitas vezes, as faculdades de Medicina Veterinária dão pouca ênfase para esse animal, que vai servir como modelo de pesquisa. “Cabe às faculdades formarem os nossos profissionais, porque eles vão servir de orientadores das pesquisas, melhorando a qualidade dos biotérios.”

Para Mossero, é fundamental visitar locais que ajudem a ver de uma forma mais clara como atuam os médicos-veterinários com eficácia e eficiência, como visto na CEUA. “Nossas visitas em locais de ação da Medicina Veterinária tem o intuito de divulgar para as classes de uma forma mais pura e mais real, a amplitude da ação desses profissionais”.

Rede de biotérios

De acordo com o diretor administrativo, o biotério da Faculdade de Medicina faz parte de uma rede de biotérios da USP, que tem três unidades básicas de produção de animais para projetos dentro da instituição.

“Essa rede de biotérios tem uma coordenação junto à Pró-reitoria de Pesquisa da universidade. A premissa da rede é fornecer animais de qualidade para pesquisa, livres de patógenos. Com isso, criamos um padrão para os projetos desenvolvidos dentro da instituição”, explica Lemos.

De acordo com o diretor, o número de animais produzidos, anualmente, depende da quantidade de projetos que foram cadastrados; a Medicina tem, em média, 120 projetos novos a cada ano, levando-se em conta que a média de duração deles é de dois anos a três anos. São quase 300 projetos ativos se desenvolvendo ao mesmo tempo.

“Hoje existe uma demanda crescente que são os animais transgênicos. Temos em nossa unidade mais ou menos 60 linhagens transgênicas. Mas, diferentemente dos animais selvagens, essas linhagens são diferenciadas e atendem a projetos específicos. Existe hoje uma tendência de diminuição do uso de animais selvagens e um aumento do uso de animais transgênicos”, enfatiza Lemos.

Biotério Central

Lemos explica que o uso de animais em pesquisa é extremamente rígido. “Atendemos às normativas tanto do Consea, que é o órgão maior, e da CEUA, que é a unidade interna de controle. Nosso biotério, por exemplo, não fornece animal antes da aprovação da CEUA. O número de animais aprovado no projeto é colocado de forma automática no sistema, o biotério não interfere nessa relação”, explica.

De acordo com Lemos, “toda vez que o número de animais acaba naquele projeto, o biotério não consegue mais fornecer novos animais, nestes casos, é preciso passar novamente na CEUA, pedir aditamento, justificar o motivo do aditamento e depois da aprovação, a nova quantidade de animais é colocada no sistema, e somente então conseguimos fornecer”.

Desta forma, a aproximação do Conselho seria muito importante exatamente para capacitar melhor os médicos-veterinários na área de pesquisa. “O universo do médico-veterinário, dependendo da área que ele atua, é muito distinto, percebemos que muitos realmente não têm vivência. O CRMV-SP ajudaria muito no apoio aos programas de capacitação e de integração, existem vários encontros e eventos que discutem a prática de biotérios, então a gente discute muito os procedimentos e os processos”, salienta.

Outro ponto ressaltado por Lemos e que mostra a rigidez dos procedimentos do Biotério da FMUSP foi a criação do Sistema Administrativo de Gestão Integrada, onde todos os setores estão integrados, inclusive a CEUA e a Comissão Interna de Biossegurança (CiBio).  “A integração de sistemas é de uma valia enorme para a gestão de biotério. O sistema é muito rígido em relação à segurança, só é possível entrar com senha e somente a área que a administração autorizou. Hoje, temos quase cinco mil usuários cadastrados e cerca de 300 projetos ativos”, afirma o diretor administrativo.

Evolução das pesquisas

Parte da opinião pública ainda tem dificuldade em aceitar o uso de animais em pesquisa, talvez por desconhecimento. Para o coordenador da CEUA/FMUSP, é importante ter opiniões opostas para que se possa raciocinar sobre o tema.

“Graças também a essa posição da sociedade é que hoje existe um pessoal muito ligado a métodos substitutivos para não utilização de animais em pesquisa, que são importantíssimos. Então, a nossa ideia é que um dia a gente não precise mais utilizar animais, seria o ideal. Mas, infelizmente, a gente não consegue para tudo, porque a ciência vai evoluindo as tecnologias e vão aparecendo mais necessidades de procedimentos minimamente invasivos, de melhora de qualidade de procedimentos pós-cirúrgicos, por exemplo, de remédios, de analgésicos. Então, ainda existe a necessidade”, pondera.

Pompeu destaca, ainda, que existe a possibilidade de se deixar de usar animais em pesquisa no futuro, até porque na própria história da utilização, já há a diminuição do uso em muitos procedimentos de ensino e pesquisa.

“Como podemos pensar em diminuir esses números? Melhorando a qualidade dos animais, fazendo um controle genético e sanitário. Desta forma você vai ter um menor desvio padrão e, consequentemente, poderá usar menos animais para obter o mesmo resultado. Isso é uma forma de começar a diminuir também o número total de animais utilizados, mas para isso melhora-se o biotério, melhora-se o controle de qualidade das criações. Neste contexto entra a comissão de ética, exigindo um controle, um padrão melhor desses animais para que essa pesquisa também tenha um resultado que possa ser utilizado”, conclui Pompeu.

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