A presença de um gato na bancada de uma entrevista coletiva da Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo do Qatar foi uma situação inesperada, mas a cena retratada, em que o assessor da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) faz a contenção do felino e o retira da bancada, gerou ainda mais repercussão. O Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP) reitera posicionamento emitido quando questionado se a situação poderia ser caracterizada como um caso de maus-tratos.
Primeiramente, o CRMV-SP gostaria de reforçar o compromisso voltado às boas práticas de manejo dos animais, zelando sempre pelo bem-estar físico e mental dos mesmos, além de incentivar que as interações comportamentais, principalmente aquelas voltadas à relação humano-animal, sejam positivas para ambas as partes.
Em atendimento a solicitação de um veículo de comunicação, a cena foi analisada pelo CRMV-SP, que não identificou qualquer elemento que possa ser caracterizado como maus-tratos, agressão ou crueldade, uma vez que nitidamente não houve intenção e não foi causada dor, sofrimento, nem dano ao animal, apesar de haver maneiras mais cuidadosas para lidar com esse tipo de situação.
Profissionais e demais pessoas mais habituadas com felinos possivelmente conteriam o animal de forma diferente, mas na situação mencionada, a maneira utilizada foi a que, provavelmente, se apresentou ao assessor como a mais segura para se resguardar. Tendo em vista não se saber a origem e condição de saúde do animal, é preciso lembrar também da possibilidade de transmissão de importantes zoonoses – doenças transmitidas de animais para humanos –, por meio de mordeduras e arranhaduras.
O CRMV-SP é grande defensor de todos os protocolos voltados ao bem-estar animal, cuja avaliação de comprometimento envolve uma série de critérios técnicos. Muitas manifestações estão circulando pelas redes sociais, criticando este tipo de abordagem, portanto, o Regional trabalhará para difundir e possibilitar que o conhecimento de abordagens ideais para contenções físicas, preconizadas internacionalmente, estejam ao alcance de todo cidadão.
Diante do que foi exposto, não temos nenhum indício para caracterizar todo o episódio como um ato de maus-tratos e aproveitamos a oportunidade para incentivar a forma correta de se lidar com gatos em uma situação como esta, levando em conta a segurança tanto do humano quanto do animal.
Maneiras mais adequadas de contenção envolvem a utilização de caixas de transporte (ou gaiolas apropriadas) ou de toalha grossa, colocando-a com cuidado sobre o animal de forma a cobrir boca e unhas. Optando-se pela utilização de toalha, por exemplo, após cobrir o felino, é preciso segurá-lo junto ao corpo e colocá-lo devagar diretamente no chão.
Por fim, ressaltamos que temos trabalhado, inclusive colaborando em treinamentos de agentes públicos municipais, para propagar informações importantes sobre como avaliar situações de maus-tratos e conscientizarmos a população como um todo sobre guarda responsável e bem-estar animal.