Os mutirões de esterilização cirúrgica (castração) são considerados medida importante para o controle populacional de cães e gatos e a redução do número de animais em situação de rua. No entanto, para um resultado efetivo nessa direção, é imprescindível que ocorram, paralelamente, ações estratégicas e sistêmicas de educação sobre guarda responsável.
De acordo com a médica-veterinária, Anne Pierre Helzel, assessora técnica do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), a esterilização cirúrgica de cães e gatos de forma isolada não cumpre o papel necessário para a promoção da Saúde Única.
As ações precisam acontecer de forma contínua, não se limitando à distribuição de folhetos e exibição de vídeos educativos. “Além da educação do público adulto, é necessário um trabalho sólido junto às crianças e adolescentes das comunidades em que os mutirões serão realizados, com atividades e aplicação de conteúdos que sejam integrados ao programa educacional”, enfatiza Anne.
Informar para sensibilizar
A médica-veterinária Maria Cristina Santos Reiter Timponi, presidente da Comissão das Entidades Veterinárias Regionais do Estado de São Paulo do CRMV-SP, argumenta que educar para a guarda responsável é criar programas em que possam ser transmitidas informações em diferentes espaços públicos, como escolas, parques, centros de lazer e postos de saúde.
“Além de sensibilizar o olhar das pessoas para o animal como um ser que possui sentimentos e emoções, os conteúdos devem abordar o que consideramos os cuidados básicos para a saúde e bem-estar dos pets, como vacinação, controle de parasitas, passeios, higiene e assistência médica-veterinária”, enfatiza Maria Cristina.
Visão ampla
O trabalho de conscientização requer das instituições e profissionais envolvidos em mutirões uma visão ampla com foco na saúde e bem-estar animal e, consequentemente, na saúde humana e ambiental.
Outro ponto importante é a informação sobre as zoonoses – doenças transmitidas dos animais para os seres humanos – assunto sobre o qual o médico-veterinário é o profissional mais qualificado para falar. “Trata-se de um tópico que requer atenção no âmbito da saúde pública, uma vez que 70 % das doenças humanas são zoonoses”, afirma Maria Cristina.
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